quarta-feira, 30 de julho de 2008

>>> HERÓIS DO PASSADO

A Fibra do International Nacional
Força e resistência eram as principais características dos caminhões que foram fabricados no Brasil de 1957 a 1965.
Os caminhões da marca International Harvester trafegam pelo Brasil desde 1926, quando a fábrica norte-americana começou a vender seus veículos no País, juntamente com ônibus e tratores que, na maioria, eram montados aqui. Com o processo de nacionalização da indústria automotiva dos anos 50, a International Harvester Máquinas S.A. instalou uma fábrica em Santo André (SP). O primeiro caminhão produzido, em 1957, foi o modelo NV184, com PBT de 8,3 t e motor V8 de 180 HP à gasolina.


Entre as características do International, destacavam-se a elevada resistência do conjunto de transmissão e do chassi, com longarinas duplas reforçadas, o que, por outro lado, deixava-o com pouca velocidade. O caminhão era oferecido em três medidas de entreeixos – 149, 167 e 189 polegadas (378, 424 e 480 cm, aproximadamente) –, estando apto a receber diversas carrocerias, mas o sistema de direção, com seu grande diâmetro de giro, comprometia sua dirigibilidade em centros urbanos e ruas apertadas.

O International não chegou a fazer sucesso: mesmo sendo apropriado para usos severos, graças à sua boa potência e resistência, só foram vendidos 5.669 caminhões e 299 chassis de ônibus em pouco mais de oito anos de fabricação no Brasil. Por isso, a matriz norte-americana acabou fechando a fábrica brasileira, em 1965.

O fabricante se foi, mas ficaram os caminhões. Não demorou para o estoque de peças acabar nas pouco mais de 200 concessionárias e revendas autorizadas. A solução foi fazer brasileiríssimas adaptações, principalmente no motor, pois importar era muito caro. Os International que não foram transformados para diesel se desvalorizaram rapidamente e muitos deles viraram sucata.

O caminhão que ilustra esta reportagem é um NV184/189, ano 1964, pertencente à Secretaria da Agricultura da Prefeitura de Londrina (PR). Por muitos anos serviu como autobomba do Corpo de Bombeiros e agora transporta tratores e maquinários. A disposição do caminhão para o trabalho pesado, apesar de sua elevada idade, é resultado dos cuidados de José Luiz da Silva, o Zezão, motorista do bruto há mais de 20 anos e responsável por sua manutenção. “Aqui na Secretaria, todos sabem que podem contar com ele; é só ligar e sair andando”, conta Zezão, orgulhoso. Tomara que, quando chegar a hora, o “velho” International receba um espaço no museu histórico da cidade, pois, além de raro, esse caminhão está na memória de muitos londrinenses que já o viram ativo em operações de combate a incêndios.

Nova fábrica no Brasil só produz para exportação

A International Harvester (“colheitadeiras internacionais”) foi fundada em 1901 como um conglomerado de empresas de equipamentos agrícolas. Em 1907, passou também a fabricar caminhões. Em 1928, a empresa começou a produzir caminhões de carga pesada de quatro cilindros e, em 1937, já era a maior fabricante de caminhões de carga média e pesada nos Estados Unidos.
Em 1986, a International Harvester passou a se chamar Navistar. E foi já com esse nome que a empresa retornou ao Brasil, em 1998, fabricando os modelos semipesados 4700 e 4900 e os pesados 9200 e 9800 em Caxias do Sul (RS).

No entanto, a história de sua passagem anterior pelo Brasil se repetiu: alegando sucessivos prejuízos devido ao aumento de custos causado pela desvalorização do real e à impossibilidade de repassá-lo para os preços, a empresa deixou de vender caminhões no mercado brasileiro em 31 de outubro de 2002. A diferença é que, desta vez, está garantida a plena disponibilidade de peças de reposição e assistência técnica aos proprietários de veículos International nacionais.

Em tempo: a Navistar continua produzindo motores e componentes para exportação em Caxias do Sul.

Em suas propagandas, como nesta publicada em junho de 1960 nas Seleções do Reader’s Digest, a fábrica fazia questão de dizer que o International era fabricado no Brasil. Muitos não sabiam disso e o Detran-PR ainda não sabe, pois o classifica como “IMP” (importado) no licenciamento.

* matéria de Jackson Liasch/Revista Carga Pesada.

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