quinta-feira, 2 de julho de 2009

>>> 4X4: ONTEM E HOJE

Quem se lembra do Jeep Willys, Rural e Toyota Bandeirante sabe o quanto os veículos para o uso no fora-de-estrada evoluíram e tornaram a vida do aventureiro mais fácil

Na década de 1960, o Brasil tinha pouquíssimas estradas asfaltadas e a indústria automobilística nacional produzia alguns modelos voltados para enfrentar esses caminhos difíceis. De lá para cá, as coisas mudaram muito e hoje tanto a malha rodoviária brasileira melhorou bastante como os carros com perfil para o uso no fora-de-estrada evoluíram muito, principalmente depois do surgimento da eletrônica, no final da década de 1980 e início de 1990. Os motoristas também são outros e atualmente usam seus jipes e utilitários para relaxar nos fins de semana, encarando trilhas em passeios programados. Veja como a vida desses aventureiros modernos, que podem pagar por modelos mais sofisticados, se tornou mais fácil.

Tração 4x4

Há 40 anos, os sistemas eram desenvolvidos com o objetivo de serem duráveis, confiáveis e de tirar o carro de qualquer apuro. Geralmente, os veículos tinham tração 4x2 (nas rodas traseiras) e a 4x4 era engatada por meio do sistema conhecido como "roda livre". O conjunto funcionava de maneira pouco prática. Antes de enfrentar um trecho difícil, o motorista parava, descia e girava o botão de acionamento do sistema, que fica em cada uma das rodas dianteiras do veículo. Depois, voltava para a cabine e acionava uma pequena alavanca (que geralmente fica junto à do câmbio) para engatar a tração 4x4. O trabalho de desengate era o mesmo, em sentido inverso.

Na verdade, o sistema de roda livre ainda resistiu por muito tempo, mas, atualmente, a vida do motorista está muito mais fácil, principalmente nos modelos mais sofisticados. Hoje existem sistemas que fazem o engate da tração 4x4 de forma elétrica, por meio de um botão no painel, e em velocidades muito elevadas. O Mitsubishi Pajero Sport, por exemplo, tem uma caixa de transferência que permite passar de 4x2 para 4x4, ou o inverso, em velocidades de até 100 km/h. Gabriel Batini, coordenador de marketing da Land Rover (marca especializada em veículos voltados para o fora-de-estrada), ressalta que o gerenciamento eletrônico foi fundamental para a evolução desses sistemas. "Nos modelos mais sofisticados, como o Range Rover, a tração é integral e a distribuição de força é feita de forma inteligente entre as quatro rodas, de acordo com a necessidade de cada trecho."

Suspensão

Antes, com a adoção de feixe de molas na dianteira e traseira, o desenvolvimento privilegiava a durabilidade. Mas isso sacrificava demais o conforto. E a evolução se deu exatamente para aliar as duas qualidades e, atualmente, os conjuntos são independentes e têm molas helicoidais. Algumas, mais sofisticadas, são pneumáticas e possibilitam ajuste de altura, podendo aumentar o vão livre e melhorar os ângulos de ataque e saída (qualidades fundamentais no fora-de-estrada).

Descer o morro

Muitos acidentes ocorrem quando o motorista pisa no freio durante uma descida forte, pois as rodas travam e ele perde o controle da direção. Hoje, com a ajuda da eletrônica, o motorista dos modelos mais sofisticados não tem que fazer nada, nem pisar no freio, nem reduzir a marcha, somente virar o volante. Basta apertar um botão no painel, para acionar um sistema de auxílio à descida (nos modelos da Land Rover chama-se HDC), que vai controlar as quatro rodas do carro.

Conforto

Para o gerente de produtos de veículos comerciais da Toyota, Júlio Vitti, "4x4 hoje é um estilo de vida e algumas picapes e utilitários-esportivos têm os mesmos equipamentos dos carros de passeio mais sofisticados". Do acabamento espartano do Bandeirante (quando a ventilação da cabine era feita por duas portinholas) da década de 1960 para o sofisticado utilitário-esportivo SW4, realmente é um salto gigante. Hoje os modelos que encaram trechos difíceis no fora-de-estrada têm ar-condicionado digital, CD Player com MP3, bancos em couro, banco traseiro confortável, direção hidráulica, vidros, trava e retrovisores com comando elétrico, entre outros. A vida a bordo atualmente é bem mais tranquila.

Localização

Nessa área, foi fundamental a eletrônica e a disponibilização para uso comercial da constelação de satélites norte-americanos GPS. O sistema de posicionamento global possibilita muitas vantagens para os aventureiros. Gabriel Batini ressalta que, embora o sistema não funcione direito no Brasil (pois a cobertura dos mapas é pequena, principalmente na área rural), o GPS possibilita a marcação de pontos interessantes em trilhas, como cachoeiras, restaurantes, vistas etc. As bússolas eletrônicas também ajudam, assim como equipamentos como o clinômetro, que mostra ao motorista a inclinação da carroceria.

* Eduardo Aquino/Jornal Estado de Minas.

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