Palio Weekend elétrica é real, mas alto custo ainda deixa perua perto da ficçãoPara ligar, basta fazer o contato da chave. Não é preciso girar. O ruído do motor é praticamente inaudível e lembra algum dispositivo funcionando bem distante. Para um motorista comum, a impressão é que o carro ainda está desligado, mas o mostrador no painel indica carga total da bateria e dá informações complementares de tensão, temperatura e corrente. A Palio Weekend elétrica, versão alternativa da perua da Fiat, está pronta para partir.
Avaliando o carro num percurso urbano, de cerca de 30 quilômetros, não fosse pelos adesivos indicando tratar-se de um veículo em teste, a Palio Weekend elétrica passaria despercebida no trânsito. O carro responde prontamente as solicitações do acelerador, sai rápido nos faróis e ganha velocidade adequada ao fluxo do tráfego, além de não poluir e ser quase totalmente silencioso.
A alavanca de câmbio foi substituída por outra do tipo "joystick", com manopla comum mas atuando como a de um carro automático, com três modos: para frente, neutro e para trás. O motor elétrico dispensa o uso da caixa de câmbio tradicional e a transmissão do carro tem apenas um redutor de engrenagens e o diferencial, que leva a força para as rodas dianteiras. A suspensão e o conjunto de freios foram recalibrados e a parte elétrica compatibilizada com o novo conjunto de alimentação.
Ao primeiro toque no acelerador o carro responde prontamente, como um veículo normal, só que em silêncio quase absoluto. Em movimento, o ruído que se destaca é apenas o de rolagem, do contato dos pneus com o solo. O zunido do motor lembra os desenhos dos Jetsons, com seus carros voadores.
A Palio Weekend elétrica não voa, mas roda bem. O motor, importado da Suíça, gera potência máxima imediata de 20 cavalos (são 15 Kw) e torque máximo de 5,1 kgfm já a partir dos primeiros instantes. No papel, parece pouco. Mas na prática, demonstrou ser suficiente para dar arrancadas junto -- ou até na frente -- dos veículos movidos a combustíveis líquidos ou gasosos. Em acelerações mais empolgadas, chegou até a cantar pneu.
Externamente idêntica às demais versões, a Weekend elétrica pesa apenas 56 kg a mais. Mesmo assim, segundo a Fiat, é capaz de acelerar de 0 a 60 km/h em 9 segundos e atingir velocidade máxima de 100 km/h. Números inferiores aos veículos com motorização 1.0 a álcool ou gasolina, mas suficiente para um bom desempenho em uso urbano. Seu trunfo é disponibilizar a potência e torque totais já a partir do primeiro toque no acelerador.
O propulsor é refrigerado a água, tem pequenas dimensões e pesa somente 41,5 kg, deixando espaço livre dentro do capô. No entanto, a bateria de níquel que o alimenta é enorme e pesa cerca de 165 kg, ocupando praticamente todo o espaço do porta-malas. Os principais componentes químicos que a compõem são sais (cloretos de sódio e níquel) e outros metais, o que a torna quase que 100% reciclável, além de não conter nenhuma substância tóxica ou nociva à saúde.
Com carga completa, oferece autonomia de 120 quilômetros e demora oito horas para ser recarregada em qualquer tomada de três pinos e 220V, comuns em boa parte das casas e garagens.
PARA O FUTURO
A perua Palio Weekend elétrica, projeto que teve início em 2006, já é uma realidade, mas não está sendo produzido em larga escala. Por enquanto, ainda é economicamente inviável. A Fiat desenvolveu e produziu 21 unidades do modelo em parceria com a hidrelétrica Itaipu Binacional e a empresa suíça KWO, utilizando todos os componentes do trem de força importados, com taxação de IPI de 25%. Cada unidade custa hoje cerca de R$ 145 mil.
"Mas com a nacionalização desses componentes e eventuais incentivos na arrecadação do IPI, esse carro poderia custar, atualmente, cerca de R$ 86 mil", afirma Leonardo Cavaliere, supervisor de inovações da montadora.
A linha de montagem do modelo está instalada dentro da própria usina de Itaipu. A carroceria chega direto da fábrica de automóveis da Fiat, em Betim (MG), para receber no Paraná os componentes específicos do carro elétrico, como motor, transmissão e baterias.
As 21 unidades já produzidas estão sendo utilizadas por empresas ligadas à área de produção de energia e parceiras do projeto, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Foz do Iguaçu, visando a troca de informações e aprimoramento do projeto.
Segundo Cavaliere, as atuais instalações da linha de montagem podem finalizar até uma unidade da Weekend elétrica por semana, mas o objetivo é produzir 50 veículos até o final do primeiro semestre de 2010.
"Além de não poluir, vale lembrar que um carro como esse apresenta muito menor custo por quilômetro rodado. Comparado a veículos movidos a motores alimentados por combustíveis convencionais, é como se o elétrico fizesse 60 km por litro de gasolina", ressalta Cavaliere.
* Redação/UOL Carros.
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