Chery chega ao Brasil e faz estréia com utilitário esportivo
‘O povo que inventou a bússola e a pólvora não ia inventar um carro qualquer’. É assim que o Chery Tiggo será apresentado ao público brasileiro. O SUV compacto da montadora chinesa será o primeiro a desembarcar em nosso território tendo no preço e nos equipamentos de série os principais atrativos para seduzir compradores do Ford Ecosport e do Hyundai Tucson. Por R$ 49.900, o Tiggo oferece um motor 2.0 16v a gasolina de 135 cv, direção hidráulica, ar-condicionado, vidros, travas e espelhos com comando elétrico, air-bag duplo frontal, freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, rack no teto, aquecimento nos bancos dianteiros e rodas de 16 polegadas.
A Chery
Luis Curi, que comanda as operações da marca no Brasil disse que ‘a entrada das marcas chinesas (no Brasil) será uma revolução e a revolução tem o nome Chery’. Apesar disso, a origem da montadora não é tão ‘revolucionária’ assim: a empresa possui capital estatal do governo chinês e nasceu em 1997 na província de Wuhu, na China. O primeiro carro deixou a linha de montagem em 1999.
Atualmente, a Chery possui 15 unidades produtivas espalhadas pela Ásia, Oriente Médio, Europa e América do Sul, exportando carros para mais de 70 países. A capacidade dessas fábricas é de 650 mil carros, 650 mil motores e 400 mil transmissões por ano, sendo ela a maior montadora 100% chinesa daquele país. A Chery ainda possui outras três marcas: Riich, de automóveis de luxo, Kerry, de veículos comerciais, e Rely, de vans de luxo.
O Tiggo é feito na China e enviado desmontado para a unidade Uruguaia do grupo, onde é remontado e enviado ao Brasil e outros países onde já é comercializado, como a Argentina, por exemplo.
Segundo Curi, a Chery adota a filosofia de empresa de baixo custo, sendo que o próprio presidente mundial do grupo viaja de avião na classe econômica e fica hospedado em hotéis de três estrelas. ‘Na Chery, para pedir uma caneta nova você tem que mostrar a antiga’, brincou Curi.
O Tiggo
O primeiro carro que a Chery traz ao País é um SUV compacto de 4,3 metros de comprimento, 1,8 m de largura, 1,7 m de altura e 2,5 metros de distância entre os eixos. O motor, um 2.0 16v a gasolina chamado de ‘Acteco’, utiliza tecnologia austro-húngara e desenvolve 135 cv a 5.750 giros e 18,2 kgfm de torque a 4.500 rotações por minuto. Acoplado a ele está um câmbio manual de cinco velocidades e a tração é dianteira . Com a ampla lista de equipamentos de série citada acima, que ainda inclui um rádio com reprodutor de MP3 e entrada mini-USB, o único opcional é o acabamento dos bancos em couro.
Impressões sobre o carro
À primeira vista o visual do Tiggo não impressiona e, sob certos ângulos, lembra o de outros SUV´s. Mas isso não é negativo, pois ele não é um carro que desagrada aos olhar. O interior segue nessa mesma linha: simples, nada de inovador e passa uma boa primeira impressão. Porém, algumas rebarbas no acabamento e um barulho de peças mal encaixadas ao rodar com o carro lembram que o Tiggo ainda pode melhorar.
As portas não possuem um ângulo de abertura muito grande, o que dificulta um pouco o acesso, e elas precisam de certa força para serem fechadas, mas o interior acomoda bem quatro ocupantes. Um quinto passageiro, além de ficar espremido no meio do banco traseiro, sofrerá com o encosto bipartido, cuja divisão fica exatamente no local em que se acomoda a coluna da pessoa, além de contar apenas com um cinto sub-abdominal de dois pontos, enquanto os outros contam com cintos convencionais de três pontos.
A tampa do motor possui dois amortecedores para facilitar a abertura e eliminar a barra de apoio da peça, porém, essas peças já apresentavam folga no veículo testado. Na porta traseira, que dá acesso ao porta-malas de 520 litros, o que atrapalha é o peso, o que exige um pouco de esforço para abrir.
Girando a chave do Tiggo, o motor Acteco se mostra silencioso e, numa condução mais calma, ele se mantém sem fazer muito barulho. Porém, o propulsor do carro demora a ‘acordar’ e funciona melhor em regimes de rotação mais altas, gerando ruído interno, mas nada grave.
O conjunto de suspensão do Tiggo é boa no papel: do tipo McPherson na frente e na traseira o carro conta com sistema multi-braços. Todo o conjunto atua de forma independente e possui barra estabilizadora em ambos os eixos. No geral, o sistema é bem confortável e a condução se torna suave, mas essa característica cobra seu preço nas curvas, já que o carro oscila bastante e é fácil fazer os pneus dianteiros internos à conversão derraparem, mesmo numa simples virada de esquina. Mesmo com um rodar confortável e não muito barulhento, o ruído de peças soltas ainda é percebido.
O Chery Tiggo é um carro que vai agradar àqueles que querem um carro bem equipado sem gastar muito e que não ligam para um acabamento esmerado, uma vez que adquiriram um automóvel mais em conta. No geral, o carro faz bem a lição de casa, mas peca em detalhes importantes, como no acabamento, por exemplo, mostrando que ainda há o que ser melhorado.
‘La garantia soy yo’
No quesito atendimento e pós-venda, a Chery quer passar uma boa imagem ao público: são 30 lojas espalhadas pelo Brasil e a garantia para o Tiggo é de três anos. Além disso, os proprietários de um Chery contam com um sistema gratuito de auxílio mecânico que funciona 24 horas por dia e, se necessário, providencia um reboque. Até 2010, a marca quer ter 70 pontos de venda.
Falando em garantias, a montadora promete que o Tiggo poderá ser equipado com motor bicombustível, tração nas quatro rodas e câmbio automático no próximo ano. A expectativa da Chery é vender 2.500 unidades do SUV até o final de 2009.
Também até o final desse ano, a marca chinesa promete trazer outros três modelos que já tem nome e preços definidos, ou quase isso: o QQ, um compacto de entrada que custará R$ 22.900; o Face, um monovolume pequeno com preço de R$ 29.900; e o ‘New Name’ (esse é o nome adotado por enquanto), um modelo que será oferecido nas carrocerias hatch e sedã e tem o valor anunciado de R$ 42.900. O nome do ‘New Name’ será definido pelo público, por meio de uma campanha publicitária. Tanto o Face quanto o modelo sem nome certo para o nosso mercado foram desenhados pelo estúdio italiano Pininfarina.
* Thiago Moreno/iCarros.
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