domingo, 27 de novembro de 2011

>>> CHEVROLET AMAZONA

Chevrolet Amazona: Independência da GM Brasil na categoria dos utilitários
“Independência ou morte!”, devem ter gritado os empresários da indústria automotiva nacional numa mesa de reunião nos anos 1950. Para se tornar independente, seja de colonizadores ou fornecedores estrangeiros, era hora de voltar os olhos para as riquezas e talentos do país.


Ao criar a Comissão de Desenvolvimento Nacional, em 1950, o então presidente Getúlio Vargas visava coordenar o desenvolvimento industrial pós-2ª Guerra. O setor automobilístico era, e ainda é, estratégico para o crescimento do país. Até então o Brasil importava os veículos e suas peças, dando pouca ou nenhuma margem para a indústria nacional.


Em 1953 o governo passou a limitar a importação de peças e componentes mecânicos, permitindo apenas a compra dessas se não houvesse semelhantes fabricados no país. Quanto a veículos motorizados montados, era proibido. Foi grande o incentivo para as montadoras investirem neste solo, tanto as que já estavam como as que pretendiam chegar.


A Chevrolet Amazona (sim, é no singular) surgiu da necessidade de explorar o interior do Brasil. “Na década de 1960 não existiam amplas estradas, praticamente todas de pista simples e, não raro, de terra. Portanto, embora oferecesse conforto, era um carro forte o suficiente para caminhos pouco explorados”, contextualiza especialista do Portal Antigo Motors.


O projeto começa quando a GM apresenta sua primeira picape fabricada no país, a Chevrolet Brasil 3100. Inicialmente com motor seis cilindros de 3100cc, seguindo o estilo dos caminhões. Mas ao final de 1958 passaria a dispor de motor 4300cc, o qual já vinha da fábrica de São José dos Campos, em São Paulo.


Um ano depois, surgiu a perua Amazona. Primeiro veículo robusto produzido no país a combinar espaço interno para passageiros com a versatilidade de uma picape; mal comparando, seria uma SUV dos anos 1960.


O exemplar das fotos que ilustram esta matéria é de 1963. Está com o atual proprietário há cerca de dez anos e na ocasião em que adquiriu foi preciso restaurar. Funilaria e mecânica novas. Apesar de ser baseada num caminhão, a sensação é de dirigir uma picape convencional. Considerada de luxo para a época, é um carro rude para os dias de hoje. Com marchas em cima, direção um pouco pesada e suspensão dura. Perua de três portas, a do motorista e duas na lateral do passageiro. Onde disseram que o conceito de esportivo utilitário e carro de três portas eram modernos mesmo?


No clima de nacionalização, a General Motors do Brasil passou a usar caçambas brasileiras em suas caminhonetas, como se dizia na época. Logo nas primeiras linhas o índice de nacionalização dos veículos era superior a 50%.

Na edição de maio de 1963, a revista Quatro Rodas fez um teste e elogiou a "Tração Positiva", um opcional que possibilitava mais tração na roda de maior aderência. A Amazona inaugurou a vocação policial da família, desde seu lançamento já estava escalada para patrulhamento nas ruas. Na mudança de estilo que recebe em 1964 as linhas tornaram-se retas e suaves, quando trocou de nome e passou a se chamar Veraneio.

A linha Chevrolet Brasil recebeu o nome por ser a primeira leva dos carros feitos com materiais nacionais. Mas mais que isso, levava o desenho do mapa do Brasil nas laterais e na grade dianteira, justamente dentro do símbolo dito imutável da marca. Não se sabe como foi feito, mas depois ou mesmo antes, ninguém no mundo todo mudou o logotipo Chevrolet. Mas é que brasileiro é assim, independente.

* Fernanda Lopes/Portal Antigo Motors.

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