Texto conta um pouco da aventura ‘Sennista’ em uma Kombi carregada em viagem ao litoral de São Paulo.
Definitivamente, nem só de carros de corridas vivem os pilotos de competição, então chegou a hora de contar o que Ayrton Senna pôde fazer com uma singela Kombi – carregada e em um dia de chuva – pelas estradas brasileiras.
Contextualizando: era início de 1985. Senna acabara de se mudar da Toleman para a Lotus. O ano prometia ser muito bom. Ele chegava até a comentar em lutar por vitórias (algo que realmente aconteceu). Porém, na época do acontecido, ainda estávamos na pré-temporada, e como todo verão da década de 80, máquinas e pilotos desembarcavam no Rio de Janeiro para os famosos testes de pneus. De dia eles ficavam escaldando no caldeirão de Jacarepaguá, já à noite… “nem te conto”. No último dia de testes na pista carioca, o leão Nigel Mansell – ex-dono do posto de Senna na Lotus – estava em umas voltas de teste de motor, por isso bem lento. Já Senna estava a toda velocidade em uma volta rápida e não previa que encontraria um carro tão lerdo à sua frente. BANG! Senna lotou com sua Lotus a traseira da Williams de Mansell. Fim de testes para ambos.
Agora sim a história começa. Após quase quebrarem o pau nos pits, Mansell viajou de volta a Grã-Bretanha, mais precisamente para a Ilha de Man (isso mesmo, aquela das motos voadoras) para curtir um típico inverno britânico. Já Senna preferiu ir para a praia. O local escolhido foi Ubatuba, no litoral de São Paulo. Senna não queria ir sozinho. Queria se socializar um pouco com seus mecânicos para ganhar a confiança deles. Em um dia chuvoso no Rio, marcou com uma trupe de 5 integrantes do time “JPS” de pegá-los em frente ao Hotel Intercontinental, na praia de São Conrado. Na hora marcada lá estava o brasileiro. A máquina agora não era mais aquele monstro que beirava os 1500 cv (potência estimada dos motores Renault turbo nas qualificações), mas sim uma pacata VW Kombi. Aquela belezura familiar não fazia ideia do que seria posta à prova.
Partindo do Hotel com todos a bordo, parou em um posto de gasolina para calibragem dos pisantes. Senna fez questão de cumprir o ritual sozinho. Pneus calibrados, saiu como se estivesse em uma sessão classificatória. Chovia “a rodo” no caminho Rio-Ubatuba. Como bem narrou Ernesto Rodriguez, Senna “pegou a estrada e deu mais um de seus shows. Debaixo de um temporal que não parava, ele fez o percurso Rio-Ubatuba, de Kombi, em três horas. Um mortal brasileiro, com o mesmo “equipamento” e naquelas condições, não faria o percurso em menos de quatro horas.”
Esgoelando o motor da pobre Kombi, Senna ganhou a “parceria” dos mecânicos, além de aumentar o respeito e admiração como piloto. Ayrton hospedou os companheiros de trabalho em sua casa e fez algumas festas e churrascos regados a muita caipirinha e passeios de jet-ski. Este texto foi baseado em uma passagem do livro “Ayrton, o herói revelado”, e se tudo não passa de uma lenda ou é a mais pura verdade, depende exclusivamente da imaginação do leitor...
* Redação/Portal Jalopnik Brasil.
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