>>> BREVE CONTATO

 

Uma volta no elétrico Nissan e-NV200, van elétrica que passa por testes no Brasil, mas sem previsão de chegar ao País

Não resta dúvida de que a Nissan está bastante interessada em vender carros elétricos no Brasil. Mas, enquanto o governo não define um programa de incentivos para esse tipo de veículo, ficamos apenas com aperitivos, como o breve contato com a nova van elétrica e-NV200 que passou por um programa de testes de um mês no Rio de Janeiro. Antes de partir para os Estados Unidos, onde vai integrar a frota da transportadora Federal Express, o carro ficou disponível para algumas voltas no estacionamento do estádio do Macaranã. E lá fomos nós dar uma volta no utilitário cuja produção começa em meados do ano, na Espanha.

 

Feito com o mesmo conjunto mecânico do Leaf, o e-NV200 recebeu apenas alguns ajustes no motor e transmissão para trabalhar em condições mais severas. A unidade brevemente avaliada ainda é um protótipo, mas mostrou que tem grande potencial de agradar em cheio. Tem nível de sofisticação acima da média para um utilitário, com equipamentos como controle eletrônico de estabilidade, câmbio automático, sistema de regeneração de energia, monitor do funcionamento das baterias, câmera de ré, além de detalhes como portas corrediças nos dois lados do carro e volante multifuncional.

 
O silêncio e o conforto a bordo são os aspectos que mais impressionam. A boa dose de força (28,5 kgfm) disponível desde o momento em que o pé direito encostra no acelerador também é outro ponto positivo. Mas requer uma rápida adaptação, já que se tiver algum buraco pelo caminho, principalmente em curvas, acelerar com um pouco mais de vontade pode acabar fazendo as rodas dianteiras girarem em falso com facilidade. Além disso, mesmo no modo "B" do câmbio automático, em que a regeneração de energia dos freios é feita com maior intensidade, não se nota aquele efeito que serve de freio em alguns modelos elétricos, como no BMW i3.

 

No caso do protótipo com a pintura da Fed Ex, embora o nível de estabilidade seja elogiável, a suspensão acaba sofrendo um pouco em pisos mal conservados (pois é, o estacionamento do Maracanã estava com algumas irregularidades). Fora isso, o e-NV200 agradou no curto percurso em circuito interno, que serviu apenas como demonstração, já que um teste drive teria que incluir um trajeto urbano e/ou rodoviário. De qualquer forma, a Nissan não tem nenhuma previsão de vender o e-NV 200 no Brasil, nem na versão movida por motor a combustão, uma pena.

 

Vantagens é que não faltam. De acordo com a fabricante, o custo de manutenção da van elétrica é 20% menor em relação ao NV200 a gasolina. Além disso, a redução das emissões de CO2 (gás carbônico) na atmosfera chegam a 1.700 toneladas em cinco anos, levando em conta uma frota de 100 carros na comparação. E o nível de ruído é quase 70% menor que na versão com motor a combustão. Quer mais? Ok, é possível programar, por meio de um aplicativo de celular, a hora da recarga, o acionamento do ar-condicionado, entre uma série de outras funções, tudo pelo telefone móvel.

 

Ainda segundo a Nissan, o e-NV 200 pode ter suas baterias recarregadas de três formas: a primeira não é muito indicada, já que leva 22 horas para ser completada em uma tomada de 110 volts, por meio de um carregador portátil. A segunda, prevê uma recarga em rede de 200 volts, durante quatro horas. E a terceira, a chamada recarga rápida, leva apenas 30 minutos para repor 80% da carga total em uma estação de recarga de 400 volts. Por que não 100%? Simples, por causa da alta temperatura gerada nesse processo, o que pode acabar danificando o sistema.

 

Interessante é que o protótipo do e-NV200 testado no Rio de Janeiro é um dos apenas quatro que existem no mundo. A versão de produção será apresentada no Salão de Genebra (Suíça), no mês que vem. As vendas no mercado europeu começam no final do primeiro semestre e apenas no fim do ano no Japão. Depois disso, o carro começará a ser vendido em outros países, entre os quais Estados Unidos e China, inclusive na versão para passageiros, com cinco lugares. Enquanto isso, ficamos aguardando uma definição sobre o assunto "carro elétrico" no Brasil, para que um dia a marca ponha em prática seus planos de vender elétricos por aqui.

* Carlos Guimarães/Car And Drive Brasil.