sexta-feira, 18 de setembro de 2015

>>> KOMBOSA SHAKE


Ourinhense transforma Kombi em fábrica de Milk Shake

A Kombi de um ourinhense mudou a rotina da Rua Fidalga, na Vila Madalena, em São Paulo. Você não leu errado: uma Kombi mesmo, aquele veículo que deixou de ser fabricado e é cada vez mais raro nas ruas da cidade. Mas a que está estacionada na frente do número 515 da Rua Fidalga não é qualquer Kombi: primeiro, ela chama a atenção dos transeuntes com suas “cores de marshmallow” - azul, rosa e creme -; segundo, nela, vendem-se milkshakes de sabores inimagináveis.


É a Kombosa Shake, um empreendimento de Diego Fernando Juliano, de 32 anos. Desde a estreia da Kombosa, no dia 07 de junho, o movimento tem sido uma loucura. Tanto que, no fim do expediente do dia de estreia, sua única funcionária foi embora… e não voltou mais. Ela não sabia que trabalhar na Kombosa seria tão agitado - Diego, então, muito menos. A estreia da Kombosa Shake foi muito melhor do que ele imaginou que seria. Eles acabaram fazendo um acordo e a funcionária voltou ao trabalho, mas a rotina da Kombosa continua uma loucura.

A vida de Diego até então não foi muito diferente: ele já estudou Administração, Recursos Humanos e, aos 19 anos, abriu uma autoescola em sua cidade-natal, Ourinhos, no interior de São Paulo. A empreitada foi bem mas, dois anos depois, ele decidiu trocar o Brasil pela Espanha - onde passou os dez anos seguintes. No início, a mudança foi complicada. “Apanhei muito com a vida no começo, por não conhecer o país, as pessoas e o idioma. Trabalhei bastante, cresci aos poucos. Foi bem legal, mas também sofri bastante”, conta. Diego trabalhou com hotelaria, casas noturnas, restaurantes e pubs. O empreendedor sempre gostou da cozinha, “apesar de não cozinhar muito bem”.

TRABALHO EM FAMÍLIA

A ideia da Kombosa Shake nasceu a partir de uma junção de desejos. Durante sua estadia de quatro meses em Nova York no ano passado, Diego ficou apaixonado pelos food trucks, veículos móveis que vendem comida nas ruas. Ele provou os produtos de vários food trucks, desde hot dogs até comida mexicana.


Em novembro, o empreendedor veio para o Brasil visitar a família e acabou decidindo ficar no país. “Fiquei sabendo que a kombi estava deixando de ser fabricada e fiquei pensando nisso, sempre adorei as Kombis. Tive a ideia de juntar três das minhas paixões: o milkshake, pelo qual eu sou louco, a Kombi e os food trucks de comida de rua, que eu adoro.” Com isso, surgiu a Kombosa Shake.

Quando conta de sua jornada, Diego nunca utiliza o pronome ‘eu’, só ‘nós’. Isso porque, segundo ele, seria egoísmo não lembrar de todo o apoio que recebeu de sua família: suas irmãs, que são estilistas, escolheram as cores da Kombosa e desenharam os uniformes - que, por sua vez, foram feitos na fábrica de roupas da mãe de Diego, seu pai veio do Sul para ajudá-lo e por ai vai. “Eu executei, fui atrás, mas as ideias foram nossas. Desde as cores até o uniforme, foi toda a família”, afirma.

No total, foram sete meses preparando o negócio. Tudo foi muito pensado: Diego comprou a Kombi em Ourinhos, a levou para a restauração, depois a trouxe para São Paulo. Em seguida, ocorreu a pintura e a instalação dos equipamentos na Kombosa. Ao mesmo tempo, Diego contou com a ajuda da família, um amigo estudante de gastronomia e outra amiga nutricionista para bolar as receitas - foram 180 sabores, por enquanto, porém, só 50 estão disponíveis para venda na Kombosa. De acordo com Diego, foram investidos cerca de R$ 120 mil no negócio. Mas já está valendo a pena: a estimativa é que, se a Kombosa continuar com o sucesso desses primeiros dias, o retorno ocorra em menos de um ano.

PRODUTO DIFERENCIADO

Durante o período que a reportagem passou na Kombosa, clientes não pararam de chegar. Em grupos de colegas de trabalhos, sozinhos, com amigos ou animais de estimação, sempre parava alguém intrigado com a kombi e acabava pedindo uma das opções do cardápio para se familiarizar.


Além dos milkshakes tradicionais, como chocolate e ovomaltine, a Kombosa vende sabores personalizados, como mocha (“que leva pasta de café italiana, com doce de leite e pedaços de bolacha Oreo”) e mousse de limão siciliano (“que é o limão siciliano espremido com leite condensado, creme de leite, sorvete e leite”). “O nosso milkshake é gourmet. Ele é mais trabalhado, não é só colocar o chocolate, sorvete, leite e bater. É um produto diferenciado que você não vai encontrar em quase nenhum lugar”, explica Diego.

O fato de ser vendido na rua também torna o produto atrativo, segundo Diego: “O principal objetivo da comida de rua é ter um acesso fácil a um ótimo produto por um custo pequeno. As pessoas podem pegar e se locomover, sem a necessidade de passar um extenso período dentro de um estabelecimento”.

A ideia de Diego é que a Kombosa passe uma semana estacionada em um bairro e depois siga para outro. Já que o milkshake não é o tipo de produto que é consumido todos os dias - “é mais gostoso de vez em quando” -, a intenção é que a Kombosa circule pela cidade, para que ela não perca o ar de novidade. “A ideia é se mover e atingir todo o público mesmo, senão ficamos limitados ao bairro e são poucas as pessoas que vêm de fora. Queremos conhecer um pouco o público e fazer com que ele nos conheça”, explica.

Pelo site e as redes sociais - Facebook e Instagram - da Kombosa Shake, é possível acompanhar sua localização. Um aplicativo que facilita esse processo também já está a caminho. A Kombosa pode funcionar graças a Lei nº 15.947, sancionada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em dezembro de 2013. Antes da lei, somente vendedores de hot dog tinham permissão para comercializar seus produtos nas ruas. Com a lei, agora os food trucks, seguindo os devidos regulamentos, também recebem licenças para vender seus produtos em vias públicas.

Por enquanto, o empresário aproveita o sucesso da Kombosa Shake - mas já sonha com futuros empreendimentos. Do outro lado da rua Fidalga, se encontra uma kombi branquinha, também de Diego. Se tudo der certo, logo logo a Kombosa se tornará irmã mais velha.

* Isabela Moreira/Época Negócios.

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