Kia aposta alto no design do novo Sportage
Enquanto testávamos o novo Sportage em Barcelona, cruzamos com um carro igual ao que é vendido hoje no Brasil (lançado em 2010) e tivemos uma inédita sensação ao ver um Kia que está saindo de linha: percebemos como seu desenho continua moderno. É o maior elogio que pode ser feito ao gigantesco salto que o estilo da marca coreana fez nos últimos seis anos, sob a batuta do maestro do design Peter Schreyer, ex-Audi.
Não dá para negar que a nova geração é bonita e ousada, talvez os maiores predicados do SUV, que deve estrear no Brasil ainda em junho. Ele virá alguns meses antes do irmão, o futuro Hyundai Tucson, que usa a mesma plataforma e ficará num patamar acima do atual ix35. As proporções do Sportage mudaram pouco, com um aumento de 4 cm no comprimento total e de 3 cm no entre-eixos, o que resulta principalmente em ganho no espaço interno.
Na cabine, somos recebidos por um banco traseiro com bastante espaço, permitindo que cinco adultos viajem com relativo conforto – há saídas do ar atrás. Esse banco oferece ajuste da inclinação do encosto (em 39 graus), útil quando for necessário ampliar o porta-malas, que originalmente possui 491 litros (com estepe de emergência, mais fino) ou 503 litros (kit de reparação de furos).
Saltando para o lugar da frente, percebe-se que o console central está levemente virado para o motorista, facilitando a consulta da informação e o manuseio de comandos. A visibilidade externa aumentou (as colunas dianteiras e traseiras estão mais finas) e a leitura dos instrumentos melhorou – há aqui um pequeno visor digital no centro, nas versões mais caras.
O painel revela superfícies com uma mistura de materiais macios (em cima) e duros (embaixo). No geral, a sensação é de um nítido ganho na qualidade de construção e acabamento. O destaque aqui é o sistema de recarga por indução (sem fio) – basta repousar o celular no console central. Também é novidade o recurso que permite abrir o porta-malas passando o pé sob o para-choque traseiro, bem útil quando as mãos estão ocupadas.
Um dos principais avanços do SUV está na adição dos sistemas de assistência (alguns opcionais), como frenagem de emergência ao detectar carros ou pedestres, aviso de mudança involuntária de faixa, farol alto que baixa automaticamente, alerta de veículo no ponto cego e aviso de carro se aproximando durante manobra de ré.
A gama de motores a gasolina na Europa é composta por dois 1.6 de injeção direta, o aspirado GDi (132 cv) e o turbo T-GDi (177 cv). As versões mais potentes têm tração 4x4 (as demais, só dianteira), com opção de câmbio manual ou automático, ambos de seis marchas, com uma opção de dupla embreagem de sete marchas para o T-GDi. Em nosso test-drive, só havia a versão 1.6 GDi, que se mostrou silenciosa na maior parte do tempo. Mas bastou ter de fazer uma ultrapassagem para o ruído incomodar, já que o torque máximo é modesto (16,6 mkgf) e alcançado em alto giro (4.850 rpm).
No Brasil, a motorização a ser oferecida será outra: o mesmo 2.0 16V flex que equipa o ix35 atual, acoplado à transmissão automática de seis marchas e tração dianteira. Com até 169 cavalos e 20,4 mkgf a 4.800 rpm, este motor é menos moderno que as opções oferecidas na Europa, mas mais potente e forte que o 1.6 GDi, e cumpre seu papel sem maiores dramas.
A suspensão continua independente nas quatro rodas, mas usando agora molas mais rígidas. A dianteira recebeu um acerto para reduzir a tendência de sair de frente em curva rápida, situação em que a inclinação da carroceria está relativamente bem controlada. Nesse caso, porém, o motorista perceberá que a direção elétrica é macia demais e precisa de menos. O nível de conforto da suspensão se mostrou muito bom em qualquer tipo de piso, assim como o interior está mais silencioso. Mérito da rigidez do chassi (40% maior graças ao uso de aços especiais e ao para-brisa mais espesso) e coeficiente aerodinâmico que foi de 0,35 para 0,33 (isso teria reduzido em 2 dB do ruído do vento).
Todas essas melhorias embaladas por um visual tão atraente têm tudo para dar um gás no modelo mais vendido da Kia – foram 965 unidades no primeiro trimestre de 2016, à frente de Picanto (714) e Cerato (373). Os preços divulgados pela Kia na semana passada mostram um aumento sensível na versão de entrada (de R$ 103.900 para R$ 109.990) e top de linha (de R$ 122.900 para R$ 134.990). Enquanto o modelo mais básico concorre com as versões top dos SUVs compactos, a versão mais equipada já chega nos patamares de Honda CR-V, Toyota RAV4 e até Audi Q3. Resta saber por quanto chegará o New Tucson, que deve desembarcar no Brasil em agosto.
* Joaquim Oliveira/Quatro Rodas.
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