Maricota é uma Kombi ano 2010 equipada para
rodar o país nas mãos de um casal aventureiro
Há 12 meses, Mari Schultz, de 53 anos, sugeriu ao marido que trocassem o carro novo por uma Kombi, com direito a só uma ressalva: "A gente vai ser feliz". O marido, Ivo Schultz, de 58 anos, até pensou em dizer não, mas sabia bem do que a mulher estava falando. Mari se lembrou da filha, Estela, que partiu aos 12 anos de idade vítima de uma doença renal, mas deixou um legado de alegria e busca eterna da felicidade para os pais.
A história de Estela é lembrada com saudade desde que a menina faleceu em 2000. Assim que a notícia chegou, dali em diante, apesar de toda dor, Ivo e Mari nunca deixaram de lutar. Criaram outros dois filhos e mantiveram o espírito aventureiro da família, reflexo do sorriso da filha que se foi tão cedo. A saudade é tamanha, mas as recordações são tão boas, que Mari restringe qualquer comentário triste sobre a morte de Estela. E leva o sorriso da filha como o ponto de partida para uma vida diferente antes da chegada dos 60 anos.
"Desde que a Estela se foi, sempre pensei no que realmente vale a pena nessa vida. Deixei de ser razão para ser feliz todos os dias. E a gente não quer escravo do compromisso sem se importar com o que é realmente simples na nossa vida. Por isso eu dei a ideia de comprar um Kombi", justifica.
O casal sempre gostou de viajar, acampar e levar os filhos para curtir uma aventura, por isso a nova aquisição foi a chance de colocar em prática o sonho de cruzar novos caminhos. "Já viajamos de moto até o meio do Pantanal. E agora que ficamos mais maduros é a nossa chance de sair por aí conhecendo muito mais", diz Ivo.
Mas para vender o carro da família, foi preciso ir mais longe. Nascido no Rio Grande do Sul, Ivo arrumou contatos em Santa Maria para conseguir um veículo mais barato e de confiança, já que uma longa jornada de reformas estava prevista. "Vim dirigindo a Kombi que era só lataria. Cheguei aqui, fiz um orçamento e vi que não ia gastar pouco".
Depois que Mari deu a ideia, o marido fez questão de personalizar a Kombi que ganhou nome em homenagem a esposa e a cidade natal. "Ela passou a se chamar Maricota, acho que combina perfeitamente com ela", afirma. Na restauração, Ivo colocou a mão na massa. "Eu já tinha habilidade em alguns consertos. Então fiz todo o isolamento térmico, coloquei o forro, planejei uma cama, equipei com mesa, ar-condicionado e micro-ondas, tudo que a gente precisa para viajar".
Longe do conforto de casa, o casal parece à vontade com as noites pela estrada, apesar dos perrengues. "Já fizemos algumas viagens pelo interior e agora pretendemos ir para outros estados. Não é fácil, a gente dorme em posto, toma banho onde encontra chuveiro e aqui dentro é tudo mais regrado. Mas a sensação de liberdade é uma coisa que não tem preço", pontua.
A ''Maricota'' é de 2010 e até hoje só deixou Ivo na mão uma vez, mas independente do problema, ele garante que sabe resolver. "Ela chegou a ter uma uma pane elétrica, mas a Kombi é muito fácil de arrumar, e como eu já tive muitos carros, só pelo barulho, já sei qual é o problema, e até isso torna a viagem mais divertida", afirma.
Se a vida vai mudar daqui pra frente? Mari e Ivo não têm dúvidas. "Quero ficar velho sem ter me arrependido de não ter feito algo", afirma Ivo. E Mari completa com as lembranças da filha. "Tenho certeza que Estela entraria na viagem conosco e deve estar muito feliz com a nossa jornada", comemora a mãe.
* Thailla Torres/Campo Grande News.
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