sexta-feira, 19 de março de 2010

>>> NOVA CHEROKEE

O tradicional jipão americano foi modernizado, ganhando visual mais atraente, mas mantém problemas de ergonomia e os pneus não são apropriados para o fora de estrada.
A linha 2010 do utiliário-esportivo da marca norte-americana Jeep está mais moderna do que as gerações anteriores, tanto no visual quanto no que diz respeito ao conjunto mecânico. É um modelo que chama a atenção pela robustez, acabamento de qualidade e bom desempenho proporcionado pelo motor 3.0 litros turbodiesel. Mas, apesar de toda a tecnologia aplicada, o Grand Cherokee ainda mostra certa insegurança no fora de estrada, pois os pneus estão mais para o asfalto do que para a lama.


O Jeep Grand Cherokee já foi um ícone no segmento dos utilitários-esportivos. Pelo menos nos países do Terceiro Mundo, como o Brasil, o modelo era cobiçado por classes mais abastadas e novos-ricos, que sonhavam em ter o jipão na garagem de casa. Porém, com a abertura do mercado e a chegada de modelos similares de outras marcas, o consumidor acabou descobrindo que tinha opções melhores para compra. O Grand Cherokee pagou o preço de ter um desenho ultrapassado, problemas de projeto, como instabilidade direcional e motores beberrões.

Estampa


Ciente do problema, a Chrysler, dona da marca Jeep, tratou de tomar uma atitude. Modernizou o Grande Cherokee por fora e por dentro, chegando mais perto do concorrência. O modelo mantém o estilo robusto, com formas retangulares, mas a dianteira ganhou traços mais arredondados, impostos pelos faróis duplos e recorte ondulado da base do capô. A ampla grade com moldura cromada impõe respeito. Porém, a abertura na parte inferior do para-choque dianteiro não tem tela de proteção, deixando o condensador do ar-condicionado exposto a pedras e outros objetos. As laterais são marcadas por frisos cromados e os retrovisores grandes reduzem o problema da visibilidade traseira. O modelo vem equipado com teto-solar e, na traseira, tem discretas lanternas verticais e vidro com abertura independente da tampa do porta-malas. O estepe fica do lado de fora, abaixo do porta-malas, tornando-se pouco prático.

Grandalhão


O Grand Cherokee tem dimensões avantajadas, que fazem dele um carro pouco prático no trânsito urbano. Tem bom espaço interno, mas os bancos não são dos mais ergonômicos e confortáveis. Os dianteiros têm comandos elétricos e memória, mas o traseiro, apesar de amplo, é muito baixo e não apoia bem as pernas. E ainda tem o túnel central no assoalho para atrapalhar, roubando espaço de quem vai no meio. Porém, o banco traseiro tem apoios de cabeça e cintos retráteis de três pontos para todos os passageiros. O porta-malas tem espaço satisfatório, apesar de parecer pequeno para o tamanho do carro. Mas sua capacidade pode ser ampliada com o rebatimento do encosto do banco.

Acabamento


O interior do Grand Cherokee Limited tem acabamento feito com materiais de boa qualidade, com plástico emborrachado em duas cores no painel. Os bancos são revestidos em couro cinza escuro e bege e, no painel e portas, há detalhes que imitam madeira. Uma tela digital central do tipo touch screen de áudio e vídeo é diversão para motorista e passageiros. Sistema permite armazenar várias músicas em diferentes formatos, ver fotos e vídeos, além de reproduzir CDs e DVDs. O som tem qualidade e é um dos atrativos do modelo.

Dirigindo

A posição de dirigir é elevada, mas, mesmo assim, a visibilidade traseira é ruim. Para resolver o problema, existem retrovisores externos grandes e sensores de estacionamento. As dimensões avantajadas e o diâmetro de giro da direção não ajudam muito, tornando o Grand Cherokee um carro difícil de manobrar. O volante é fino e exige mais esforço nas mãos, mas os comandos estão bem localizados, facilitando as coisas para o motorista e passageiro.

Desempenho

Uma das novidades do Grand Cherokee é o motor diesel 3.0, que trabalha de forma silenciosa e eficiente. Nem parece um propulsor diesel. Proporciona respostas rápidas, mesmo em baixas rotações, graças ao bom torque. E, associado ao câmbio automático de cinco marchas, garante retomadas de velocidades seguras, com kick-down eficiente. A transmissão proporciona trocas suaves e as relações de marchas foram bem escalonadas. O modelo conta com sistema de tração permanente nas quatro rodas Quadra-Drive II e, no console, tem uma pequena alavanca para acionamento da reduzida 4WD low. Apesar disso, o Grand Cherokee mostrou que tem certa dificuldade para ultrapassar trechos com lama, pois escorrega e exige destreza do motorista. Parte do problema está nos pneus, que são mais apropriados para o asfalto.

Mais Firme


O antigo problema de instabilidade direcional do Cherokee não foi totalmente resolvido, mas, com o auxílio de muita eletrônica, o fabricante conseguiu reduzi-lo significativamente. As suspensões estão bem equilibradas no que diz respeito ao conforto e estabilidade, mas, de qualquer forma, não é bom abusar em curvas. O carro tem controles de tração e estabilidade, sistema que reduz a inclinação da carroceria e toda a parafernália para tornar os freios o mais eficientes possível. Com tudo isso, o Grand Cherokee roda mais firme no asfalto.

* Enio Greco/Jornal Estado de Minas.

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