quarta-feira, 14 de setembro de 2011

>>> HISTÓRIAS DE KOMBI

Uma Kombi para toda a vida: Abandonada num paiol de fazenda, perua da Volkswagen foi reformada e personalizada por motorista, que cultua modelo e transporta familiares

A intenção que Fábio Lúcio Fonseca teve ao ir numa festa de fim de semana na zona rural de Itaúna, município da Região Centro-Oeste de Minas Gerais, em 1999, era se divertir na companhia de um casal de amigos. Chegando à fazenda, o motorista profissional soube que houve uma briga no local e, por isso, a festa tinha terminado. Restou a Bulúcio, como é conhecido, e aos amigos, dar uma volta pelo pasto, onde uma Volkswagen Kombi 1974 cor branco pérola estava abandonada dentro de um paiol, habitada por dúzia de galinhas. “Vi a perua e perguntei ao dono, um senhor que também era proprietário da fazenda, se concordava em vendê-la. Ele aceitou e dois dias depois fui buscar a Kombi”, relembra Fonseca, que pagou a modesta quantia de R$ 600 na compra do histórico modelo.


O motor não funcionava havia quatro anos. Bateria descarregada, pneus completamente murchos e a própria parede do paiol eram outros obstáculos para retirar a Kombi do local. Mas com a ajuda de um mecânico, um galão de gasolina, bateria nova e uma bomba para encher os borrachudos, Fonseca fez a perua funcionar. “O maior problema na hora de fazer a Kombi rodar foi o freio, que não funcionava. Dirigi uns 30 quilômetros nesta condição”, ironiza. Desde então, Bulúcio, que aprendeu a dirigir numa Kombi, já teve um modelo 1978 e se tornou um apaixonado pela perua. Além disso, vem reformando e personalizando a Kombi 1974 lentamente.


A primeira intervenção foi feita na lataria, uma semana depois da compra. “Levei a perua num lanterneiro, que desmanchou todo o interior e reformou a carroceria”. A pintura foi lixada, mas manteve a cor original. “Quando encontrei a Kombi no paiol perguntei ao fazendeiro sobre a cor. De tão suja, achava que fosse marrom”, conta Fonseca.

HOODRIDE

De 1999 a 2011, a pintura queimou sob o sol e ficou com aparência de prata. Desleixo para muitos, mas não para o motorista profissional, seguidor da cultura Hoodride, que engloba carros antigos enferrujados, de pintura original desbotada ou removida, suspensão rebaixada e um estilo controverso. “O Hoodride é um carro cultuado pelo fato de que você o fez exatamente como gostaria e não como os outros gostariam que fosse, como um modelo bonito ou com roda importada”.

Além da suspensão rebaixada, ao longo dos anos a Kombi 1974 recebeu pneus de perfil baixo, rodas pintadas de vermelho e, por último, teto pintado de xadrez. “Eu mesmo pintei o teto com a ajuda de um primo. Por dentro a Kombi tem bancos rústicos e sem forração, sem nenhum luxo”, explica o proprietário da perua.

POPULARIDADE

Nas ruas de Itaúna, a Volkswagen Kombi de Bulúcio também ficou conhecida por levar de tudo um pouco. Entre as três fileiras de bancos e o porta-malas, familiares, amigos e equipamentos como barraca, colchão inflável, cobertor, almofadas e caixa de isopor dividem o espaço interno do utilitário.


“A paixão que tenho pela Kombi vem justamente por querer sempre estar perto dos amigos e poder passear com meus filhos e minha família, que é grande. No modelo dá pra levar todo mundo e ir a qualquer lugar”, revela o proprietário, que já viajou com a perua para a Bahia, Goiás e Distrito Federal e nem pensa em se desfazer da Kombi 1974, sua fiel companheira no dia a dia.

* Bruno Freitas/Jornal Estado de Minas.

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