Kombi 1968 é vitrine para moda feminina
A venda de cachorro-quente em vans é um hábito amplamente disseminado no Brasil. Dependendo da região, podem surgir outras versões de negócios sobre rodas. Em Belém, além do hot dog, os paraenses têm a opção do tacacá. Em Maceió, a tapioca. Já em Salvador, é o acarajé que tem presença garantida. Mas há empresários que utilizam o conceito de negócios móveis de uma forma mais ampla.
É o caso da Kombi 1968 toda estilizada que trafega por alguns bairros das zonas oeste e sul de São Paulo todos os dias. Homens olham de longe e preferem fotografar o carro à distância. Mulheres abrem as portas, experimentam e se olham no espelho. A empresa dona do veículo é a olook, que vende sapatos, bolsas e acessórios femininos na internet. A estratégia com a Kombi é ir aos endereços mais movimentados de São Paulo como se fosse uma espécie de blitz.
Bairros da zona sul da cidade, como Brooklin, Moema, e da zona oeste como Vila Olímpia e Pinheiros, são paradas obrigatórias a partir da hora do almoço. Eventos como o festival de música Lollapalooza também surgem como oportunidade, ao menos para ampliar a galeria do site de compartilhamento de fotos Instagram.
Apesar de já ter um milhão de clientes cadastradas que, além de comprar, recebem dicas de acordo com perfil e ocasião, o cofundador da marca, André Beisert, diz que partir para o mundo físico era indispensável. Segundo ele, existe uma resistência para compra de artigos de moda na internet. “As pessoas sentem uma necessidade muito grande de experimentar e acham que vão ter dificuldade para trocar”, diz o representante do site criado em dezembro de 2011.
Após cogitar abrir uma loja na Rua Oscar Freire (endereço de marcas de luxo em São Paulo), um quiosque em shopping, a adoção do modelo de franquia, e depois de descartar todas as ideias, veio o momento eureca. “Meio que num estalo: ‘Caramba, por que a gente não faz uma loja móvel e monta um carro com a cara da olook para ficar rodando o dia inteiro?’”. Nascia ali a ideia da olook móvel, mas faltava achar o carro.
“Pensei na hora nessa Kombi, o primeiro modelo que veio para o Brasil”, afirma Beisert. Após pesquisar, chegou até uma pessoa em Campinas (SP) que tinha o modelo que tanto queria, porém ele estava comido por ferrugem e com o interior maltratado. “Era a primeira vez que dirigia uma Kombi na vida e voltei de Campinas na chuva, com pneu careca e sem limpador de para-brisa. Foi emocionante”, conta.
O autêntico banho de loja que saiu por R$ 60 mil incluiu reforma da parte mecânica e teve participação de uma empresa que faz cenografia para novela e programas de auditório na televisão. “Houve toda uma preocupação com a rigidez estrutural do carro, que pode cair em buraco, mas os produtos têm de ficar mais ou menos organizados”, explica.
Diferentemente da internet, onde se acrescentam seções e itens num clique, a olook móvel leva uma vitrine reduzida e não tem pronta entrega por estar sujeita a regras para comércio em espaço público. “Precisaríamos de uma licença da prefeitura para cada local onde a o carro fosse estacionar e vender”, diz Beisert. A internet voltou à cena como solução: “Temos dois iPads com conexão 3G onde as pessoas podem realizar a compra e receber o produto em casa”, diz Beisert.
O executivo da olook diz que o investimento no veículo já foi recuperado, mas deixa ganhos financeiros de lado ao falar dos resultados da nova empreitada. “É muito difícil superar 3% do nosso volume, mas para a marca é muito poderoso e, como atingimos pelo menos 500 pessoas por dia, o impacto é significativo”. Expansão? Por ora, a empresa descarta crescer por meio de franquias, mas pensa em novos carros próprios e chegar a outras cidades.
* Vinícius Oliveira/Portal iG Economia.
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