Seu nome vem de um gato selvagem ágil e resistente. Duas qualidades sempre presentes no Mitsubishi Pajero Full desde que foi lançado, em 1982.
Leopardus Pajeros. O nome científico, em latim, designa um felino ágil, com incrível habilidade para escaladas e muito resistente, cujo habitat vai do Peru ao Chile. Maior e mais musculoso que um gato doméstico, tem pintas pelo corpo e cauda peluda. Vive nos dois lados da cordilheira dos Andes e é um caçador de hábitos noturnos. Eis o que se sabe sobre o discreto gato-dos-pampas, ou gato-palheiro, o nosso Leopardus Pajeros. E, no entanto, poucos carros são tão célebres, conhecidos e admirados quanto o que leva seu nome: Mitsubishi Pajero Full.
Alçado à condição de lenda viva do automobilismo como o único carro doze vezes vencedor do Rally Dakar, o mais difícil e rigoroso do planeta, o Pajero Full surgiu como protótipo em novembro de 1973. No Salão de Tóquio daquele ano, era impossível não arregalar os olhos com o carro-conceito da Mitsubishi. Na aparência externa, tratava-se de um jipe – até então visto apenas como veículo de trabalho. Por outro lado, oferecia o aconchego e a facilidade de manejo de um veículo de passeio. Ou seja, um conceito inovador, capaz de juntar a valentia do utilitário
ao conforto do automóvel.
Mas como catalogar o recém-nascido Pajero, aquela genial invenção? Como enquadrar aquele misto de jipe-automóvel? “Não se sabia ainda, mas uma nova nomenclatura na indústria automobilística estava sendo criada pela Mitsubishi: sport-utility vehicle, sintetizada depois pela sigla SUV”, explica o jornalista Luiz Guerrero. Mesmo assim, foi preciso quase uma década até que o Pajero chegasse à linha de produção.
Depois de exibir uma segunda versão do protótipo no Salão de Tóquio em 1978, e após uma pesquisa exaustiva no mundo inteiro, foi somente em 1982 que a Mitsubishi Motors resolveu produzir em série seu utilitário esportivo. “Ele pode ser visto na porta de um bistrô parisiense ou nas areias do deserto”, afirmava a campanha de lançamento.
“Hoje é fácil imaginar o 4x4 nesses e em muitos outros lugares”, prossegue Guerrero. “Na época, entretanto, a polivalência do carro era um assombro, uma ousadia que corria o mesmo risco de todas as grandes revoluções, independentemente do setor em que ocorram.” Mas foi justamente graças às areias do deserto que o futuro SUV da Mitsubishi se transformou numa lenda, fazendo jus ao slogan que o tornaria mundialmente respeitado: The car, the legend.
É que o Mitsubishi Pajero mal saiu da fábrica e já enfrentou seu batismo de fogo: dunas, areias e pedras impiedosas dos desertos do Saara e do Ténéré. Antes de exportar o carro, a Mitsubishi resolveu promovê-lo internacionalmente. E para isso decidiu participar da prova off-road mais exigente do mundo. Em 1983 a fábrica inscreveu quatro Pajero no Rally Dakar. Dois para competir e os demais para levar peças de reposição – as regras da época não permitiam equipe de apoio. Os carros, conversíveis e a gasolina, tinham motor 2.6 aspirado, de 4 cilindros e 110 cavalos.
Com a exceção de apenas um, que capotou, a estreia no Dakar terminou muitíssimo bem. Os Pajero sobreviveram a 20 dias de massacre. Chegam em 11o, 14o e 30o na geral. Mas venceram na categoria Production (carros de fábrica sem modificação) e na Marathon (com modificações limitadas). De quebra, ainda levaram o troféu de Melhor Trabalho em Equipe, pela conclusão da prova sem problemas mecânicos.
Bastaram dois anos para que, em 1985, a dupla de pilotos Patrick Zaniroli e Andrew Cowan conquistasse os dois primeiros lugares da prova ao volante de seus Pajero. O carro, no entanto, começava a fazer sucesso também por seu glamour de aventureiro: naquele mesmo ano, o príncipe Albert e sua irmã, a princesa Caroline de Mônaco, escolheram o Pajero Full para disputar o Rally Dakar.
Em 1986, nada menos que 64 Pajero vindos de locais tão diversos quanto Peru e Alemanha se inscreveram na prova, 30 deles na categoria Production, destinada a carros de fábrica. As vitórias foram se sucedendo até a consagração final: doze campeonatos no mais espetacular rali do planeta, sete deles consecutivos, de 2001 a 2007. Feito inédito para qualquer montadora de veículos.
ÁGIL, RESISTENTE E VALENTE
Quanto à resistência do carro, em sua quarta geração, o Pajero Full mantém no DNA os cromossomos da durabilidade e da valentia que o consagraram no deserto – mas tornou-se definitivamente um carro de luxo. Um genuíno objeto do desejo, que está para os SUVs como um Rolex para os relógios.
Para isso contribuem as principais features do carro, atualizadas sempre com tecnologia de ponta, como o teto solar panorâmico e faróis de xênon (com lavador e regulagem automática). Ou o novo motor diesel Common Rail DI-D de 3,2 litros e 200 cavalos de potência. Na versão a gasolina, a potência chega aos 250 cavalos, graças ao motor V6 de 3,8 litros. Por outro lado, a transmissão automática Invecs-II com troca inteligente de marcha e câmbio sequencial Sports Mode permite a esportividade de um câmbio manual com todo o conforto de um automático.
No quesito tração, o avançado sistema SS4 II (Super Select 4WD) permite a escolha de quatro modos distintos: 4x2, 4x4, 4x4 com bloqueio do diferencial central e 4x4 reduzida com bloqueio. Nos três primeiros, a troca pode ser feita com velocidades de até 100 quilômetros por hora.
Para auxiliar ainda mais o motorista, o Pajero Full conta também com o controle ativo de estabilidade e tração ASTC. Trata-se de um sistema que analisa de modo contínuo as condições de rodagem e controla eletronicamente a estabilidade do veículo em qualquer tipo de estrada ou piso. Com isso, antecipa eventual perda de controle do veículo e adota medidas preventivas para evitar acidentes ou riscos – chegando mesmo a acionar os freios da roda que apresenta perda de aderência.
O Pajero Full se apresenta em duas versões: 5 e 3 portas, ambas com bancos de couro dianteiros elétricos. A versão 5 portas tem espaço para até 7 passageiros. A de 3 portas – na realidade uma versão compacta do Pajero Full 5 portas – oferece o mesmo conforto interno, mas sem a terceira fileira de bancos. Tanto um como o outro, no entanto, honram o nome: são ágeis, resistentes e valentes como um Leopardus Pajeros.
* Fernando Paiva/MIT Revista, Junho-2010.
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