Kia Soul 1.6 16V 2011! Com o motor flex, o Soul ganha desempenho e mantém o bom consumo da versão a gasolina.
A partir do fim do ano, o Kia Soul vai se diferenciar nas ruas não só pelo design original, mas também pela motorização. Ele será o primeiro modelo da marca a ter motor flex. Ele fará parte de um clube que tem poucos estrangeiros como sócios. Além dele, há apenas alguns poucos mexicanos da Ford, VW e Nissan. Entre os coreanos, ele é o primeiro. O modelo mostrado aqui é uma das primeiras unidades a desembarcar no Brasil, destinado ao processo de homologação. A Kia ainda não divulgou detalhes, mas sabe-se que, além de virar flex, o 1.6 16V que tinha 124 cv de potência a 6 300 rpm e 15,9 mkgf de torque a 4 200 rpm agora rende 126 cv/130 cv a 6 300 rpm e 16/16,5 mkgf a 4 500 rpm. Sempre com gasolina e álcool, respectivamente.
O novo sistema de injeção foi desenvolvido pela própria Kia, que já trabalhava nessa tecnologia antes de lançar o Soul. Além dele, o sedã Cerato (com o mesmo motor) e depois o compacto Picanto (com motor 1.0) também se tornarão flex. Todo o trabalho foi feito pela matriz, na Coreia. Os engenheiros começaram por analisar amostras de etanol enviadas do Brasil. Fizeram ensaios com motores convertidos em bancos de provas e só então desembarcaram por aqui, já para os testes finais em condições reais de uso.
É verdade que não podemos chamar o Soul de velho conhecido – afinal, ele está entre nós há apenas 13 meses. Na versão flex, ele confirma as características de confortável e fácil de manobrar. A direção é bem leve, os pedais não exigem esforço. Nas curvas, em razão do alto centro de gravidade, ele inclina um pouco, mas nada assustador. A suspensão cumpre seu papel de manter o carro em contato com o asfalto. O acabamento continua bem cuidado, com materiais de qualidade e variação de texturas, no painel. O isolamento acústico é eficiente graças, entre outras coisas, às duplas guarnições das portas e à forração do teto.
Por coincidência, a unidade 2011 testada tinha as mesmas características da versão que avaliamos no teste de estreia do carro em agosto de 2009. Além do câmbio manual, ela trazia rodas de aro 18, com pneus 225/45 R18. E isso facilitou a comparação.
De modo geral, assim como não apresentou mudanças no comportamento dinâmico, o Soul flex mostrou desempenho próximo ao do seu antecessor. Houve uma boa evolução nas retomadas. De 60 a 100 km/h em quarta marcha, por exemplo, vemos que o Soul flex fez 11,5 segundos no álcool e 11,6 na gasolina – no primeiro teste, o tempo havia sido de 14,8 segundos. E o resultado é ainda melhor no consumo. Com álcool, o Kia 2011 alcançou 7,7 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada. Usando gasolina, ficou com 10,8 e 13,7 km/l, respectivamente. A versão 2009, por sua vez, registrou 11,1 km/l no ciclo urbano e 13,1 km/l no rodoviário. Com álcool, o rendimento foi bom e, com gasolina, teve pouca variação.
O único ensaio em que o Soul flex teve um desempenho aquém do de seu antecessor foram as arrancadas de 0 a 100 km/h. Em 2009, o Soul acelerou em 10,9 segundos, com gasolina. Agora, precisou de 11,9 com gasolina e de 11,4 com álcool. Esse resultado surpreende, uma vez que foi o único indicador inferior no desempenho. Ainda mais se levarmos em conta o aumento no volume de torque, mesmo que chegando mais tarde. Uma justificativa provável poderia estar no funcionamento falho da embreagem, que prejudicaria as largadas e as trocas de marchas. Contudo, isso é apenas uma hipótese não comprovada. Procuramos saber os números oficiais de fábrica para o carro nesse teste, mas a Kia falou que ainda não possuía esses resultados. Um engenheiro disse apenas que o esperado era que o desempenho fosse melhor, com álcool.
A Kia afirma que o motor flex será a única novidade apresentada pelo Soul na linha 2011, mas o protótipo que ela nos emprestou trazia algumas mudanças que seriam bem-vindas se chegassem por aqui. Por fora, as maçanetas, que antes eram do tipo concha, ancoradas na parte superior, nesta unidade são na forma de alça, presas pelas extremidades. São mais bonitas e dão mais firmeza no caso de alguém precisar abrir a porta em uma emergência. Internamente, a novidade são os botões do ar-condicionado. Antes havia três comandos redondos; agora o conjunto é formado por teclas e apenas um botão giratório.
Em nosso teste de ruído, na marcha lenta, o nível ficou aquém do limite inferior captado pelo decibelímetro, que começa em 34 dB (A). Mas, como nem tudo é perfeito, na versão avaliada ainda faltava tampão no compartimento de bagagem e o revestimento das portas permanecia inteiramente de plástico. Em relação aos equipamentos, o banco do motorista tem regulagem de altura, mas falta ajuste de profundidade para o volante, que só pode ser movimentado na altura. No painel, pode-se ver a relação de músicas armazenadas no sistema de som, mas ainda se sente a ausência de itens como computador de bordo e até uma prosaica trava automática para as portas.
Lançado no Brasil no fim de julho de 2009, o Soul teve um início de vendas dificultado por falta de produto, uma vez que os lotes importados da Coreia, com cerca de 300 unidades/mês, eram insuficientes para atender o mercado. Quando o fornecimento se normalizou, ele deslanchou, superando a média de 700 carros, nos últimos meses. Agora, com a chegada da versão flex, a Kia espera vender ainda mais unidades, mas até que a novidade esteja nas vitrines pode ser que volte a faltar Soul nas lojas.
* Texto: Paulo Campo Grande Fotos: Christian Castanho
Revista Quatro Rodas.
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