Mitsubishi ASX: desembarque na cidade. Veja como anda o lançamento da marca japonesa, que chega ao Brasil por R$ 81.600.Calma. Tudo o que você conhece sobre a Mitsubishi permanecerá intacto. A alma 4x4, a rádio — FM 92,5 para os paulistanos — e todos os produtos continuarão como estão. O ASX, sigla para Active Smart Crossover (X-Over), chega para preencher a lacuna em uma faixa de preço e de mercado onde a briga pelo consumidor se intensificou nos últimos anos. A Mitsubishi até possui veículos que podem agradar a quem busca um SUV menor, como o TR-4, ou um crossover, como o Outlander, mas o primeiro está posicionado na faixa de R$ 70.000, enquanto o segundo não sai por menos de R$ 99.990, salvo promoções.
Este subsegmento dentro dos utilitários é tão importante que, dos 10 veículos mais emplacados, sete têm versões entre R$ 80.000 e R$ 95.000 e nenhum deles têm a aventura em suas propostas. São apenas opções confortáveis para os centros urbanos. E é aí que a Mitsubishi quer enfiar o ASX. Além de tudo, será o primeiro utilitário com opção de tração 4x2 da marca no Brasil. Os preços: a versão de entrada, com tração dianteira apenas, parte de R$ 81.600 na opção manual e chega a R$ 86.900 com câmbio automático. O 4x4 sai por R$ 93.990. Todas terão motor 2.0 16V de 160 cv.
A marca pretende vender 700 unidades/mês. Em novembro e dezembro deverá ficar abaixo disso, uma vez que a demanda pelo carro, no momento, é grande, mas a matriz japonesa pretende normalizar logo a oferta para o país, afinal, o Brasil já é o sexto mercado mais importante da marca no mundo e, de acordo com Osamu Masuko, presidente mundial da Mitsubishi, “a cada ano, a participação aumenta”.
"Alma" de Outlander
Feito na planta de Okazaki, a mesma do Outlander — com o qual compartilha a plataforma e 70% dos componentes —, o ASX está no meio do caminho entre um SUV pequeno e um crossover médio. Tem 4,29 m de comprimento (3 cm a menos que um Hyundai Tucson), 1,61 m de altura (2 cm menor que um Kia Sportage), 1,77 m de largura e 2,67 m de entre-eixos (4 cm a mais que um CR-V). Essas dimensões não fazem dele um carro imponente, mas amedrontar está longe de ser sua intenção.
O trabalho de design tomou por base o sentido de familiaridade da marca, iniciado com o Lancer e adaptado de maneira elogiável no ASX. A Mitsubishi até divulgou em nota que a dianteira, chamada de Jet Fighter Grill, o deixa com “cara de mau”. No entanto, a impressão se esvai ao olhá-lo como um todo. O crossover passa a impressão de ser um familiar moderno, com uma ousadia limitada. A linha de cintura ascendente reforça essa sensação, que caminha ao lado do toque esportivo na carroceria.
Na traseira, o visual pode ser confundido com o do Audi Q5, mas não em detrimento do Mitsubishi. Afinal, é até bom parecer com o alemão. Segundo o chefe de design do ASX, Hioriuki Abe, “a intenção foi dar dinamismo em todas as partes do ASX. Onde você olhar, terá a impressão de que o carro está prestes a se mover. E atrás fizemos com que ele parecesse mais largo”. O designer acertou em cheio. Uniu um estilo amigável com uma dose de esportividade e a boa impressão de parecer maior do que é.
Por dentro, a tal jovialidade externa quase some. O interior é sóbrio, usa materiais suaves e corrobora com a intenção do design de “mesclar as qualidades de um SUV e um sedã”. Sobra espaço para os passageiros, e o porta-malas tem capacidade para 416 litros. Ele pode vir equipado com bancos de couro (com ajustes elétricos opcionais) e traz 15 porta-objetos espalhados pela cabine. Sua direção com assistência elétrica é ajustável em altura e distância de série, assim como o ar-condicionado digital, as rodas de 16” e o botão de partida sem chave. Dentre os opcionais, disponíveis apenas na versão mais cara, estão o teto solar panorâmico e os faróis de xenônio.
Por falar neles, as luzes do ASX se diferenciam por terem refletores na base, o que aumenta em 30% o campo de visão do motorista. Outro bom exemplo que o Mitsubishi oferece no aspecto segurança pode ser visto nos para-lamas dianteiros feitos de Noryl, material plástico resistente e menos agressivo ao pedestre em caso de colisão.
O crossover traz também, desde a versão básica, freios com ABS, EBD e BAS (auxílio em frenagens de emergência), além dos sete airbags, incluindo os de joelhos, assim como o controle eletrônico de estabilidade ASC.
Segurança, aliás, faz parte do discurso do presidente da Mitsubishi no Brasil. Robert Rittscher assegura que, mesmo trazendo pela primeira vez um veículo urbano com tração 4x2, a marca não perderá força no segmento 4x4. “Queremos buscar consumidores que ainda não nos viam como opção. Além disso, a questão do 4x4 não é só imagem, é segurança acima de tudo, e creio que nossos clientes pensem assim”.
Ao volante do novo Mitsubishi
Na avaliação feita no campo de provas da empresa na cidade de Obihiro, em Hokkaido, no Japão, comprovou-se parte disso. Dotado de tração 4x4, ele ainda se vale do excelente conjunto de sua suspensão, do tipo multibraço no eixo traseiro. Nem o piso molhado no dia do teste foi capaz de lhe tirar a sensação de conforto. Aliás, nem quando o bicampeão do Rali Dacar (2002 e 2003), Hiroshi Masuoka, assumiu o volante e dirigiu — com o ASC desligado — como se estivesse em uma competição.
Outro destaque é a facilidade nas manobras, devido à direção com assistência elétrica e ao bom diâmetro de giro, de 10,6 m. A leveza do conjunto também é perceptível ao guiar, afinal, ele pesa apenas 1 345 kg (10 kg a menos que um Hyundai i30) e, considerando os 160 cv do motor, obtém-se uma relação peso/potência de 8,4 kg/cv. Segundo a fábrica, o ASX é capaz de chegar aos 188 km/h (na versão avaliada). Se comparado aos concorrentes, este Mitsubishi nada deve em desempenho, considerando este primeiro contato. Ainda falta uma avaliação em nossa pista de testes.
A única crítica fica por conta do câmbio Invecs III CVT (continuamente variável). O torque máximo (20,1 kgfm) surge apenas com 4.300 rpm, o que prejudicou a agilidade do carro. Por outro lado, o modelo conta com a comodidade das trocas por borboletas.
A modernidade dessa caixa é mais perceptível para quem não abusa do acelerador. Com 6 marchas “virtuais” longas, o ASX consome pouca gasolina. De acordo com as medições da fábrica, ele atingiu 9 km/l na cidade e 12,4 km/l na estrada, com média combinada de 10,7 km/l.
A Mitsubishi aposta tanto no ASX que, antes mesmo de seu desembarque no país, já existe a certeza de que ele será produzido na unidade de Catalão, GO, entre o fim de 2012 e 2013. Há, ainda, a possibilidade de que ele se torne flex antes disso, já no ano que vem. Para o consumidor deste segmento, essa seria a grande novidade, pois, atualmente, nenhum dos principais rivais aceita 100% de etanol. E para você, que só vê terra nos vasos das plantas, não perca a chance de conhecê-lo de perto.
Do conceito à realidade, muitas mudanças
A Mitsubishi é especialista em projetar e construir SUVs e crossovers, mas o ASX não nasceu assim. Na sua primeira aparição, como Concept Cx (no Salão de Frankfurt de 2007), ele estava mais para um PT Cruiser do futuro do que para o veículo que surgiu no fim da história.
Daquela ideia, só sobrou o X, de crossover, e o compromisso inicial de entregar prazer ao dirigir com muito espaço interno. Segundo o chefe de design do projeto do ASX, Hioriuki Abe, “tínhamos de fazer algo de tamanho inteligente, dinâmico, que ainda aliasse a identidade da marca, mas sem se parecer com o Lancer Evo X, do qual partiu a inspiração da dianteira, desde o Concept Cx".
Além disso, havia o compromisso com a "fluidez dinâmica”. No final, o resultado foi comemorado. O ASX tem um grande entre-eixos mas também um “quê” de carro compacto. Além disso, o seu coeficiente aerodinâmico ficou em 0,33, fato raro para um veículo deste tipo.
* João Anacleto/Carro OnLine.
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