quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

>>> KOMBI CRUISER


Paulista customiza uma velha Kombi, transformando-a em um verdadeiro cruzador terrestre para longas viagens rodoviárias

Muitas vezes a construção de um street é cercada de fatos inusitados, sendo este o caso da Kombi de Cristiano Ferreira e Oliveira. O leitor é funileiro da Volkswagen na planta localizada em Tatuapé, SP, e já teve diversos carros diferentes, como um Chevrolet Impala 1964 e um Chevette 1977 com motor AP turbo.
 
 
A história do utilitário começou em 2009, quando Christiano comprou para seu filho a miniatura de uma Kombi produzida pela Maisto, modelo dramaticamente rebaixado. “Eu olhava o brinquedo, ficava analisando como poderia tornar aquilo possível em escala 1:1 e comecei minha busca por uma Kombi antiga para realizar a transformação, mas não achava nenhuma em Taubaté”, explica. Em um desmanche foi informado de uma Kombi 1965 que seria cortada e teria seu aço vendido por quilo. Chegando ao local viu que o veículo, mesmo não tendo motor, era exatamente o que precisava e ofereceu R$ 200,00. O sujeito aceitou, mas explicou que a Kombi não tinha documentos. Porém, Christiano conseguiu localizar o antigo proprietário, lhe deu R$ 300,00 pelo documento e, depois, gastou mais R$ 500,00 para regularizá-lo.
 
 
Logicamente a Kombi foi levada de guincho para a garagem de Christiano. Depois de alguns meses ele decidiu que ia fazer da perua um trailer de viagens, mas um amigo surgiu lhe oferecendo um jogo de rodas aro 18 e a idéia da miniatura ressurgiu. Primeiramente o leitor comprou as tais rodas e, depois, concluiu que só seria possível usá-las se aumentasse as caixas de roda. Porém, para fazer isso, também seria necessário alargar o monobloco em 22 centímetros. “Acharam que eu estava ficando maluco, mas minha esposa Helenice (nome inspirado na piloto francesa Hellé-Nice!), meu irmão João Paulo e o amigo Anderson Santana (bom nome para que decide mexer com VW) resolveram colaborar e dei andamento ao projeto”. Eles ajudaram na parte mais complicada dos trabalhos: o corte e a emenda da “lataria” do veículo, tudo feito a mão, com chapas novas e solda MIG. Nesse processo ocorreram mais mudanças, como a adoção de parte do painel de outra Kombi, a retirada da caixa do sistema de circulação de ar do teto e o fechamento, com chapa, dos curvões traseiros, eliminando, assim, os vidros ali existentes.
 

Houve ainda a criação de uma espécie de “gaiola” interna, a qual passou a fazer parte da estrutura monobloco do utilitário. A alteração necessária não apenas devido às novas dimensões, mas também porque Christiano decidiu ter na Kombi um enorme teto solar e um kit de suspensão a ar de meia polegada com oito selenóides. A suspensão dianteira da Kombi, independente por feixes de torção, foi substituída pela do Chevette, inspirada, em escala reduzida, na evolução do sistema Knee Action de 1935, o qual, por sua vez, era baseado na suspensão Dubonett, criada pelo francês André Dubonnet no início do século XX. O conjunto Chevrolet igualmente independente, difere por contar com braço triangular superior, braço simples inferior, travessa (armação do agregado), molas helicoidais e amortecedores, sendo que os dois últimos, para a instalação do sistema de bolsas de ar, foram eliminados.

Independente disso, uma boa solução seria utilizar um sistema semelhante ao desenvolvido pelo engenheiro russo Arcady Zinoviev no Avallone TF, réplica do MG TF. Zinoviev colocou os amortecedores (que antes ficavam em pé) trabalhando quase na vertical, acrescentado, para isso, uma extensão soldada na bandeja superior do Chevette, voltada para o lado interno. Assim, o olhal inferior do amortecedor era fixado na extensão da bandeja, enquanto o inferior era fixado em um apoio existente no chassi, algo fácil de ser feito na Kombi, que não tem motor dianteiro. A caixa de direção da Kombi também passou a ser do Chevette, por pinhão e cremalheira (a antiga era por setor e rosca sem fim), com sistema de direção auxiliar (braço e articulação) da Hyundai. Este, por sua vez, foi ligado a uma coluna de direção do Golf, que é escamoteável. Atrás, o transeixo original, com cardãs, cruzetas e sistema de redução nos cubos de roda, deu lugar ao tipo empregado nas Kombi produzidas a partir de junho de 1978, sem redução e com articulação direta através de juntas homocinéticas.

O novo transeixo (conjunto também composto pela caixa de câmbio de quatro marchas), assim como o motor 1600 de 65 cv (SAE), são do mesmo tipo utilizado na Kombi 1997/2005, pois o propulsor ainda é arrefecido a ar, mas conta com injeção eletrônica multiponto. Para montar as bolsas de ar foram instaladas duas bases de cada lado, tanto para o monobloco quanto para os facões, sendo possível anular, assim, a função das barras de torção. Os freios dianteiros têm discos e pinças de Opala, enquanto os traseiros têm pinças de Citroën e discos dianteiros da Kombi. As rodas inicialmente previstas deram lugar a quatro Status aro 20, também de liga leve, com pneus Fullrun Aderenza 225-30 . Chegou, então, a hora de refazer a pintura. O carro passou a ser preto “Nero Perola” e vermelho camaleão. As duas cores são separadas pelo teto e pelo friso de alumínio da Kombi Luxo, sendo que foi necessário encontrar outro jogo para fazer as emendas devido às novas dimensões do utilitário.
 

Aqui houve outro golpe de sorte: Christiano conseguiu alguns metros do “galão” vermelho empregado nos párachoques do Escort XR3 1987. Assim, as peças de alumínio, polidas, tiveram o “galão” preto substituído pelo vermelho, destacando ainda mais a lateral da Kombi. Os parachoques, também pintados de preto, perderam as garras e os reforços superiores, enquanto as lanternas traseiras originais deram lugar a outras menores, da Kombi 1955. Houve, ainda, a montagem de espelhos retrovisores na parte superior dos “cajados” das portas dianteiras. No painel o local do marcador do nível de combustível, foi instalado um instrumento com as diversas luzes espia. Os dois triângulos foram ocupados por um velocímetro graduado até 200 km/h e um conta giros com escala até 8 mil rpm, demonstrando que alterações no motor devem estar por vir. Na sequência o painel têm dvd Pioneer e os quatro manômetros da suspensão a ar. O banco tem estrutura especialmente desenvolvida para o carro e sua capa foi feita em capitonê com couro bege, mesmo material utilizado no resto da cabine e nas forrações das portas.
 

O volante é do tipo banjo e os botões de comando do painel, antes de plástico branco, foram substituídos por outros de aço inox. A chave de seta e suas alavancas foram pintadas na mesma cor das capas do estofamento, assim como ocorreu com as alavancas de freio de mão e da caixa de câmbio, bem como os pedais de freios, embreagem e acelerador, tudo contrastando com o carpete bege do assoalho. Quando Christian começou a fazer sua Kombi já imaginava prepará-la para a realização de viagens. Por este motivo converteu o espaço reservado para carga de seu cruzador terrestre em uma verdadeira sala de estar. Assim, o compartimento traseiro também é totalmente revestido, incluindo as portas, as laterais e a capota com teto solar. Do lado esquerdo existe um banco longitudinal e, entre as caixas de roda, outro transversal.
 

Este último fica de frente para uma TV de tela plana full HD de 32 polegadas, com internet e conversor digital (fixada no encosto do banco dianteiro), e é ladeado por dois compartimentos cujos puxadores têm formato de guitarras. Em um deles será montado, futuramente, um frigobar, conferindo maior luxo e conforto para os ocupantes da Kombi. Além disso carro tem um complexo sistema de som, o que exigiu a montagem de uma bateria de 400 ampéres.

* Texto: Rogério Ferraresi - Fotos: Bruno Guerreiro/Revista Rod & Custom.

5 comentários:

Anônimo disse...

Gostaria de alugar uma kombi,no estilo década de 70, para decorar o meu casamento em 2015.
Sabe me dizer como conseguiria esta façanha, estando no estado do Rio de Janeiro?

Lucas disse...

Você saberia dizer qual foi o gasto total de tais modificações?
Aguardo resposta.

Wilson disse...

Ola
Eu também estou transformando a minha Kombosa e vi que vc usou uma suspensão de chevette...
Como resolveu o problema da caixa de direção para usar o agregado do chevette ?
Estou tentando montar com a suspensão do opala que é quase igual
Se puder me ajudar com alguma dica ..
desde ja agradeço

wilson.mani@gmail.com

Unknown disse...

Isso que da nojo de algumas pessoas

Não compartilham as idéias . Esquecem que alguém lhe ajudou no projeto

Unknown disse...

Isso que da nojo de algumas pessoas

Não compartilham as idéias . Esquecem que alguém lhe ajudou no projeto