Reformado, ônibus de 1974 vira plataforma para aulas sobre preservação ambiental
Carlos Marcelino Concatto é o dono do ônibus Chevrolet de 1974 das fotos. Comprado em 2001 em um leilão da Universidade Federal de Santa Maria/RS, o veículo ficou dez anos sem rodar, porque não tinha condições técnicas. 'Um dia me perguntei: 'já estou com mais de 60 anos, com que idade vou andar com ele?' - conta o gaúcho, hoje com 64 anos.
Entre 2012 e 2013, ele se dedicou a reformar o ônibus, buscando peças originais em ferros-velhos. No leilão, Concatto pagou R$ 20 mil pelo veículo e, em 2013, um empresário ofereceu R$ 80 mil pela relíquia - quanto ele gastou na reforma, não sabe dizer. Antes usado pela universidade como clínica itinerante, o ônibus segue na vocação filantrópica, e é usado por Concatto no trabalho voluntário de aulas de preservação ambiental com estudantes do interior do Rio Grande do Sul.
Paixão Por Clássicos
Concatto já tinha experiência com grandões antigos: durante 33 anos, teve um Apache 1957, também adquirido em um leilão (da Universidade Federal de Pelotas) e reformado por ele mesmo. A função, na época, não era filantrópica: então músico, o gaúcho usava o ônibus - ainda a gasolina - para transportar o equipamento de som quando ia tocar nas cidades do interior.
Hoje empresário do ramo de peças automotivas, o ex-músico é formado em Economia e Administração, e passou boa parte da carreira trabalhando com caminhões pesados, primeiro na Scania e depois na Volvo. "Sempre gostei da parte técnica, mecânica, e com isso aprendi. Quem tem um carro velho tem que gostar e conhecer, ou não consegue andar", opina.
Concatto diz que desmanchou o ônibus todo para a reforma, começando "do zero" os consertos. "Assim, vê-se como está a parte mecânica, que tipo de problema pode parecer, até se não é perigoso rodar no estado em que está", ensina. Para transformar o Chevrolet de clínica itinerante em motorhome personalizado, Concatto se debruçou também sobre o trabalho de marcenaria - uma forma de economizar com o prestador de serviço. "O cara queria R$ 120 por dia. Imagine que eu levei dois anos para terminar", calcula.
Voluntariado e Aventura
Hoje, o ônibus é usado como motorhome quando Concatto viaja para dar as aulas de preservação no interior. É o jeito que ele encontra de reduzir os custos na participação no projeto da Associação de Preservação de Técnicas Ambientais (Apta), já que deixa de pagar um quarto de hotel.
O veículo tem cama e cozinha para as refeições. Na lateral, um toldo retrátil permite inventar uma sala de aula ao lado do Chevrolet onde o empresário achar melhor. Além do serviço filantrópico, o clássico também tem vocação aventureira. Concatto gosta de ir à praia com ele, e tem planos de grandes viagens.
"Um pedaço da ideia seria fazer uma viagem do Farol da Solidão até o Nordeste, talvez para o Chile", lista. "A gente vê os outros fazerem e às vezes se acovarda", justifica, dizendo que a rotina na loja de autopeças ainda não permitiu a viagem.
* Redação/Pense Carros.
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