Nissan e IPEN renovam parceria e carro elétrico a etanol avança
Em 2015, a Nissan iniciou um estudo para uma forma diferente de ter um carro elétrico, com a tecnologia chamada de Solid Oxide Fuel Cell (Célula de Combustível de Óxido Sólido). Com ela, um veículo seria movido a um motor elétrico e com uma célula de combustível igual à dos carros a hidrogênio. A diferença está no uso do etanol para gerar o hidrogênio na hora, o que mescla o desempenho de um elétrico com a praticidade de um carro a combustão.
Neste novo momento, a Nissan está trabalhando em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) para transformar a tecnologia em algo que possa ser usado comercialmente. Até agora, o sistema trabalha com um reformador que recebe o etanol do tanque e faz a reação química para transformá-lo em hidrogênio, transmitindo direto para a célula de combustível. Esta nova etapa buscará integrar o reformador dentro do módulo SOFC, o que reduz o tamanho do sistema e com custos menores.
Apesar do Brasil ser o país que mais usa o etanol, a Nissan está desenvolvendo a tecnologia de olho no mercado global. Um exemplo citado é a China, onde algumas cidades possuem uma grande frota de carros abastecidos com gás natural, ou países como Índia e Tailândia que usam um pouco de etanol. O uso do biogás é até uma possibilidade para um segundo momento.
Com o SOFC, isso fica mais fácil. O dono do veículo para em um posto de combustível comum e coloca etanol no tanque. O combustível passa pelo reformador, onde faz uma reação química com calor, separando o hidrogênio e uma pequena parte de CO2. O hidrogênio vai para o módulo SOFC, onde é usado para gerar energia para o motor elétrico, enquanto um pouco de CO2 e vapor d’água sai pelo escapamento em uma quantidade ínfima. E, como um tanque de combustível de etanol é menor e carrega mais do que um de hidrogênio, o carro terá uma autonomia acima de um FCEV puro.
Um exemplo foi o que vimos no protótipo guiado em 2017. A e-NV200 utilizada tinha um tanque de combustível de apenas 30 litros, mas era o suficiente para que a autonomia ultrapassasse os 600 km. O comportamento dinâmico foi igual ao de um modelo elétrico, com o torque instantâneo do motor. Apesar de não ter as pesadas baterias que normalmente estariam na van, a tecnologia ainda usava um conjunto enorme e que ocupava quase metade do espaço na traseira. No futuro, a Nissan espera reduzir o tamanho e o peso.
"É um prazer interagir com o time de pesquisa da Nissan e poder colaborar com um desenvolvimento global da marca. Eletrificar o etanol, um combustível renovável e estratégico para o país, tem um enorme potencial no contexto das novas energias sustentáveis. A Nissan tem a visão de que investir globalmente em pesquisa é um caminho para superar os desafios existentes para conquistar novas tecnologias. Ver os desenvolvimentos do IPEN participando desse processo é muito gratificante", afirma Fabio Coral Fonseca, pesquisador do IPEN/CNEN.
No entanto, não espere ver esta tecnologia nas ruas tão cedo. A Nissan continuará o trabalho de desenvolvimento até 2025 para, só então, analisar os resultados e decidir se vale a pena seguir em frente, iniciando uma produção em massa ou estendendo o ciclo de pesquisa para melhorar o sistema SOFC o suficiente para que acessível.
* Nicolas Tavares/InsideEVs.
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