Ford F, os primeiros caminhões brasileiros. A série F dos caminhões Ford foi criada há mais de 60 anos, nos EUA. Primeiro importados, depois fabricados aqui mesmo, a partir de 1957, seu nome e tradição se mantêm vivos.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, o Brasil, governado pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, contava com uma boa situação de divisas, acumuladas com as exportações de alimentos durante a guerra, e retomou o processo de importação em grande escala de veículos, principalmente dos Estados Unidos, cujas indústrias já podiam se voltar para a fabricação de veículos de passeio e carga para uso civil, deixando de lado a produção militar.
A indústria automobilística brasileira nem merecia esse nome: só tínhamos montadoras de veículos semiprontos, um perfil que começaria a mudar em 1953, com a proibição de importação de veículos completos e a inauguração da fábrica de caminhões Ford no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Cinco anos antes, em 1948, a Ford norte-americana havia lançado uma linha de caminhões e camionetes, a primeira totalmente nova após a guerra, denominada série F. Os modelos foram batizados conforme sua capacidade de carga, da camionete F1, para meia tonelada, até o pesado F8, chamado de Big Job. Os caminhões médios, para cargas de 15.500 libras (aproximadamente 7 toneladas), eram os F6 e podiam ser equipados com motores de seis cilindros a gasolina, de 95 hp, os V8 modelo 8BA a gasolina de 100 hp e também havia a opção a diesel, com os motores Hércules de seis cilindros e 87 hp.
VALENTE
O sucesso dos caminhões F6 no Brasil foi rápido porque as estradas eram precárias, a maioria sem asfalto, e os caminhões curtos, com eixo traseiro simples e motor “valente” apresentavam boa dirigibilidade e facilidade para enfrentar, principalmente, a Serra do Mar, obstáculo natural entre os portos e as regiões agrícolas. O seu preço não era muito alto e seu grande consumo de gasolina era compensado pela eficiência que os motores ofereciam.
Os caminhões Ford que chegavam no Brasil eram os mesmos vendidos nos EUA e seu desenho seguia o estilo dos automóveis da marca, um pouco desatualizado na época. Uma primeira reestilização ocorreu em 1952, com a instalação, nos caminhões, de uma grade mais “agressiva”. Em 1957, quando passaram a ser fabricados no Brasil, a reforma foi completa, até do nome: os F6 viraram F600. A Ford ainda fabrica no Brasil dois caminhões da série F, os pequenos F350 e F4000.
O F6 ano 1948 que ilustra esta reportagem pertence a Manoel Luís Lopes, também nascido em 1948 e morador de Jataizinho, no Norte do Paraná, conhecido na cidade por Luís São Caetano, por causa de sua origem paulista.
Luís é restaurador de veículos antigos e promove encontros de antigomobilistas na sua região. Ele mesmo reformou este caminhão, que comprou há 20 anos. Seu F6 tinha placa amarela “do ano” (1948), que ele lamenta não ter conseguido manter quando da troca pela placa cinza.
Como pretendia utilizar o caminhão em suas pescarias e passeios, Luís resolveu modernizar o F6, para poupar gasolina e aumentar a eficiência do sistema elétrico de 6 volts. Restaurou a cabine em todos os detalhes e adaptou os componentes mecânicos de uma Ford F4000 a diesel moderna, com freio a disco, direção e embreagem hidráulicas e requintes de veículo de passeio, como ar-condicionado quente e frio, vidros elétricos e sistema de som. Mesmo com a cabine apertada, o rodar macio e silencioso do F6 o deixa confortável para as freqüentes viagens que seu dono faz para São Paulo, numa distância de 500 km.
* Jackson Liasch/Revista Carga Pesada.
2 comentários:
Hoje estou restaurando um F8 ano 1952 com um motor detroit, quando tiver pronto postarei as fotosd.
Sou o proprietário desse belíssimo Ford F6 1948 tenho o Ford BIG JOG 1952 e um Chevrolet 1950
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