Ford Ranger Sport quer ser opção entre picapes pequenas e médias
Agradar a gregos e troianos não é tarefa fácil, mas parece ser a intenção da Ford Ranger Sport. Isso porque a picape quer entregar a capacidade de carga de picapes médias por um preço inferior e com bom pacote de equipamentos. O objetivo é tentar incomodar as vendas da Chevrolet S10 agradando a um público que mora em grandes cidades, mas viaja para o interior frequentemente.
Por R$ 67.990, a Ranger Sport segue de perto o preço inicial da líder de vendas S10 (R$ 65.890) e promete compensar a diferença nos valores com mais potência e um pacote de equipaments recheado. Por isso, a picape conta com um motor 2.5 Duratec flex que entrega 173 cv, ou 32 cv a mais do que o motor bicombustível da S10. Esses números fazem dele o quatro cilindros mais potente da categoria. O torque máximo fica na casa dos 24,8 kgfm a 4.250 rpm quando abastecido com etanol e 24,1 a 3.750 giros com gasolina.
A curva de torque com cerca de 20 kgfm desde os mil giros mostra o apetite de picape da Ranger, o que privilegia o desempenho estável em subidas íngremes e mostra disposição para carregar equipamentos pesados na caçamba de 1.800 litros. Mas, o anda e para típico das grandes cidades parece não agradar muito o motor da picape, que registrou 4,9 km/l com Etanol. O câmbio tem engates duros e marchas curtas, especialmente as iniciais. Segundo a montadora, as capacidades de carga total e de imersão chegam a 1.455 kg e 80 cm, respectivamente. As limitações, no entanto, ficam por conta da indisponibilidade de transmissão automática, da versão com cabine dupla e da tração integral.
Equipamentos
De série, a picape conta com direção hidráulica, ar-condicionado, sistema de som com rádio, leitor de CD e MP3, entrada USB e para iPod, sistema Bluetooth e tela de LCD de 4,2 polegadas. Também há controles de áudio no volante, faróis de neblina dianteiros, piloto automático, ajustes elétricos nos retrovisores e rodas de liga leve de 17 polegadas. A titulo de comparação, a S10 tem ajustes manuais dos retrovisores, rodas de 16 polegadas e apenas preparação para o sistema de som. As concorrentes empatam na oferta de ar-condicionado, direção hidráulica e computador de bordo. Os diferenciais estéticos da Ranger Sport ficam por conta do aplique frontal do pára-choque, faixas adesivas laterais e santo antonio tubular.
Mas, se esta versão pretende ser vendida para moradores de grandes cidades, as restrições das metrópoles se impõem como dificuldades. Apesar do conforto interno similar ao de carros de passeio, a posição de dirigir é bastante elevada e os 5,35 metros de comprimento e 2,16 metros de largura exigem adaptação da noção de espaço do motorista. Além disso, encontrar vagas deste porte em ruas e até mesmo espaço para manobra nas garagens dos prédios é uma tarefa nada fácil. Pelo menos ela é minimizada com a ajuda da direção hidráulica.
Outra característica das metrópoles que vai na contramão do jeito de ser da Ranger é a quantidade de buracos nas ruas. Não pense que com seu porte avantajado as imperfeições passarão batidas. Muito pelo contrário: em ruas esburacadas a caçamba vazia pula bastante, o que exige que o motorista diminua a velocidade.
Por dentro, a picape segue as linhas dos carros globais da Ford. O painel de instrumentos é de fácil visualização e conta com controle de intensidade das luzes. O acabamento que mistura plástico liso e texturizado é simples, mas bem acabado, e as saídas de ar-condicionado tem ajustes limitados. Já o sistema de som, que agrega diversas funções, se mostra bastante confuso e pouco intuitivo. Além disso, a tela de 4,2 polegadas fica notavelmente desproporcional ao porte do carro e limita o uso do sistema multimídia. Pontos fora da curva para uma picape que pretende agradar também pela conectividade.
* Guilherme Muniz & Rafael Munhoz/Revista Auto Esporte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário