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Volkswagen encomenda Kombi antiga com motor elétrico de Golf
Ao olhar para a segunda versão da Kombi, esperamos pelo motor 1.6 refrigerado a ar ou até pelo 1.6 diesel. Sem falar nas versões mais novas, todas equipadas com propulsor 1.4 refrigerado a água. Mas a Volkswagen da América do Norte fez um exemplar movido a eletricidade. Descontinuada no Brasil em 2013, bem que a van merecia uma sobrevida com esse tipo de motorização de emissão zero.
Feito sobre um modelo 1972 de segunda geração, aquele que veio logo depois da "corujinha", o projeto foi executado pela EV West, uma empresa da Califórnia especializada em conversão elétrica de veículos antigos e futuros clássicos. Eles não têm medo de polêmica e fizeram até o trabalho em um BMW M3 E36.
Chamada de Kombi T2, a segunda geração foi lançada no exterior em 1967, mas demorou muito para chegar ao Brasil. Além do estilo com menos janelas e colunas, a VW da época se destacou pela porta corrediça. No nosso mercado, as alterações foram lançadas séculos depois e aos poucos. O modelo de 1976 ganhou o para-brisa envolvente e a nova frente, contudo, as janelas maiores e a porta corrediça chegaram apenas em 1997! Só 30 anos de espera.
A motorização escolhida foi a do e-Golf, a versão elétrica do hatchback. A potência de 136 cv é mais do que o dobro gerado pelo último 1.6 a ar. Além disso, o torque de 29,6 kgfm é superior aos 25,5 kgfm oferecidos por um Golf 1.4 TSI.
Não precisa dizer que essa Kombi se transformou em um veículo de entregas rápidas. O objetivo foi evocar o estilo hot rod de algumas Kombis californianas. O desempenho não foi revelado, mas podemos esperar por zero a 100 km/h mais próximo dos 10 segundos do que dos 20 s, tempo que a original nem alcançava essa velocidade.
O alcance de 207 km poderia ser maior, sem dúvida, mas o objetivo era ter um conjunto motriz compacto para não interferir muito no arranjo interno da Kombi. O motor elétrico fica no mesmo espaço traseiro do quatro cilindros a ar, enquanto as baterias estão alocadas debaixo dos bancos dianteiros.
A transmissão manual de quatro marchas deu lugar a um câmbio de apenas uma velocidade, quase que padrão em todos os elétricos. A caixa automática tem posições Park, Ré, Neutro, Drive e… Brake, essa última encarregada do freio regenerativo, tecnologia que converte a energia gerada nas frenagens para recarregar as baterias.
No demais, não há diferenças visíveis em relação ao modelo antigo. O quadro de instrumentos é retrô e complementado por mostradores adicionais logo acima do painel. É um toque típico da personalização californiana. Todos os instrumentos são analógicos e iguais aos de série.
Até o freio de estacionamento em forma de alavanca foi mantido, da mesma maneira do diagrama com a ordem de marchas na tampa do cinzeiro. Só o pedal de embreagem foi dispensado. Até mesmo a tampa do tanque de combustível ficou onde está.
O grande barato é o fato da cabine estar com estado de conservação condizente com a idade do veículo de 47 anos. Os mostradores têm vidros envelhecidos e embaçados, enquanto o rádio tradicional não tem mais o botão sintonizador de canais.
Os truques de cena são eficazes apenas quando o carro estiver parado e desligado, afinal, o zumbido elétrico no lugar do ruído característico do boxer refrigerado a ar deixa claro que essa não é uma Kombi convencional.
A van ficou famosa como símbolo da contracultura. Adotada pelos hippies, a Kombi também é adorada por surfistas. É em homenagem a eles que há uma dançante bonequinha havaiana no painel. O simpático porta-objetos em treliça abaixo do painel é outro ponto saudosista, tal como o teto revestido de ripas de madeira.
Segundo o fundador e chefe da EV West, “fundir a tecnologia atual com a antiga é apenas uma maneira que podemos dar um passo para termos uma herança automotiva sustentável”. Será que outros vão converter seus veículos clássicos?
O lado mais curioso é que a própria Volkswagen curtiu a ideia: o I.D. Buzz, conceito que será lançado em 2021 como o sucessor da clássica Kombi, também aposta na motorização elétrica.
* Julio Cabral/Auto Esporte.
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