sexta-feira, 29 de agosto de 2014

>>> VOLKSWAGENS, BOLSAS E LIVROS

 
De Kombi ou de Fusca, professoras vendem bolsas e livros sobre 4 rodas

Para vender bolsas, a professora Fabiana Barbosa Cabaral, de 36 anos, usa uma Kombi. Para vender livros, a professora Márcia Maria de Brito, de 38 anos, resolveu rodar com um Fusca. Além de montarem as empresas sobre quatro rodas, outros pontos unem as histórias das duas mestres por mérito e diploma, que não se conhecem. Pela cidade, elas oferecem os produtos de maneira itinerante, em veículos com apelo visual retrô.
 
Márcia tem o fusca 1983 há 10 anos e ele sempre foi a única condução. Como ela mora no bairro Rita Vieira, ter um veículo veio da necessidade de atender os seus compromissos sem atraso. Comprar um carro mais novo nunca passou nem pela cabeça dela. “Não penso em trocar de carro, porque eu sempre gostei de carro velho. Talvez mais para frente eu compre uma Kombi por necessidade do sebo, mas por enquanto não dá”, comenta a vendedora de livros usados.
 
 
O sebo "São Miguel" nasceu há dois anos. Márcia estava concluindo o mestrado e sempre preferiu comprar os livros que iria precisar nos estudos, ao invés de utilizar cópias. Assim acumulou um bom acervo, que acabava vendendo para amigos e professores. Foi aí que se deu conta que o negócio feito por amizade poderia se tornar uma renda extra.
 
Hoje a empresa funciona pela internet, mas o charme está na versão itinerante. O Fusca branco, plotado com a foto de Raul Seixas diz muito sobre o conceito do sebo. Márcia explica o porquê da escolha do cantor. "Ele era canceriano como eu, tinha um estilo de vida muito parecido com o que eu acho legal e era alguém que falava sobre o que acreditava”, explica.
 
O estilo "sociedade alternativa", pregado por Raul, onde o "ser" vale mais do que "comprar", faz parte da rotina do sebo. O diferencial, segundo a dona, está nos pequenos gestos. Quando arma o stand com os livros nos eventos, sempre deixa cadeiras para quem quiser apenas ler o livro por ali mesmo, sem precisar pagar.
 
Ela garante que também está aberta as negociações para deixar o cliente satisfeito. “Eu trabalho com preço justo, eficiência na entrega e atendendo o cliente da melhor maneira possível. Se um livro é R$ 25,00 e você só tem R$ 15,00 e eu posso te fazer um desconto, porque não fazer?”
 
Outro detalhe da loja está nas entregas do que foi comprado pelo site, que funciona 24h. Quem leva os livros é um skatista. O freguês ainda ganha um mimo, ou um bombom ou um sachê de capuccino.

Kombi Charmosa

Você pode estar andando pelas ruas de Campo Grande e se deparar com a "Street Bags", uma Kombi 1960 muito estilosa, em preto, branco e vermelho. Um charme retrô onde a professora de Administração, Fabiana, comercializa as suas bolsas. Ela conta que nunca havia pensado em se tornar empresária. Quando estava para concluir o mestrado, o marido que é engenheiro civil foi chamado para trabalhar em um projeto em Araçatuba, interior de São Paulo. De mala e cuia prontas, e com os três filhos pequenos, o casal deixou Campo Grande, mas não demoraram muito tempo para voltar.
 
 
Em dois meses ele recebeu outra proposta e resolveu retornar à cidade. Fabiana, que tinha pedido demissão e deixado as salas de aula para acompanhar o marido, pensou em trazer oito bolsas de Araçatuba para vender aqui. “As cidades no entorno de Araçatuba têm uma produção muito forte de bolsas e calçados e resolvi trazer para ver como ia ser. Acabei vendendo tudo muito mais rápido do que esperava e o negócio começou por intuição”, lembra. O porta-malas do carro próprio começou a ficar pequeno para a quantidade de bolsas que ela vendia e ai surgiu a ideia da Kombi. “Quando eu vi as fotos da Kombi, me apaixonei”.
 
 
Depois de muita pesquisa, ela encontrou o veículo na cidade de Birigui (SP) e foi pessoalmente buscar. Trouxe a Kombi guinchada até Campo Grande e colocou na oficina. A parte visual foi toda pensada por ela e em pouco mais de um mês a Street Bags estava pronta para ganhar as ruas.
 
 
A vantagem é que nem precisa de propaganda, ela chama atenção por onde passa. “Acontece direto de estar atendendo uma cliente e as pessoas pararem e pedirem para tirar foto dela. A Kombi é lúdica, acaba sendo um diferencial”, pontua. Fabiana conta que faz um "Kombinado" com as clientes e marca lugares para se encontrar, sejam em empresas ou reuniões em casa. “Eu atendo os meus clientes na hora que eles podem e nos locais que eles querem com toda comodidade”.

* Aline Araújo/Campo Grande News.

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