segunda-feira, 22 de junho de 2020

>>> O ÚLTIMO BICUDO


A Mercedes-Benz encerrou a produção do Atron 1635 4×2, o último caminhão com cabine bicuda produzido no Brasil

A Mercedes-Benz encerrou a produção do Atron 1635 4×2. O caminhão era o último com cabine bicuda produzido no Brasil. Por se tratar de um projeto antigo, o modelo não pode receber sistemas para mantê-lo competitivo. É o caso, por exemplo, de recursos de conectividade. Além disso, comparado aos “cara-chata”, o Atron leva menos carga líquida. Trata-se de uma questão de legislação. No Brasil, o comprimento total do caminhão é utilizado para determinar a capacidade por eixo. Ou seja: o bicudo é maior e, portanto, leva menos carga.


Até 2011, o modelo era chamado de L1635. Em 2012, o pesado recebeu atualizações para atender ao Proconve 7. Além de se enquadrar nas novas regras de emissões de poluentes, foi rebatizado de Atron. A Mercedes-Benz começou a produzir caminhões bicudos no Brasil há cerca de 40 anos. Muitos frotistas e caminhoneiros autônomos são adeptos da cabine bicuda.

Segundo os motoristas, nesse tipo de cabine a sensação de segurança é maior. A boa aceitação do Atron no mercado brasileiro foi um dos motivos que levou a Mercedes-Benz a mantê-lo em produção por tanto tempo. Além do cavalo-mecânico, até 2018, a linha Atron era composta por modelos rígidos rodoviários e fora-de-estrada. Havia opções de cabine avançada e cara-chata.

Mas a Mercedes-Benz reduziu a oferta e, a partir daquele ano, manteve apenas o 1635 em produção, porque o trator era o mais vendido da família. Em 2019, foram emplacadas 698 unidades do caminhão no Brasil e de olho nesse nicho, a marca deve apresentar um sucessor do Atron em breve. O preço também pesou a favor do fim do Atron. O modelo novo custava cerca de R$ 297 mil. O Atego 1730 4×2, por exemplo, é mais moderno e cerca de R$ 40 mil mais barato.
Motor consagrado

O Atron tem motor OM-457 LA, de 12 litros e seis cilindros em linha. Produzido pela própria Mercedes-Benz, é considerado como o mais popular da fabricante. O seis-cilindros equipa cerca de 1 milhão de caminhões e ônibus vendidos pela marca alemã no mercado brasileiro.

Para atender ao Proconve 7 (equivalente ao Euro 5), o motor conta com redução catalítica seletiva (SCR). Trata-se do sistema por meio do qual o Arla 32 é injetado por um catalisador especial. Isso ajuda a reduzir o nível de NOx gerado durante a queima do diesel.

O OM-457 LA gera 345 cv de potência a 1.900 rpm e 148 mkgf de torque a partir das 1.100 rpm. A transmissão ZF 16S 1650, manual de 16 marchas. Para comparação, o Atego 1730 é equipado com o OM-926 LA de 7,2 litros. O seis-cilindros gera, respectivamente, 286 cv a 2.200 rpm e 127 mkgf entre 1.100 e 1.200 rpm. A transmissão é a MB G 131, manual de 9 velocidades. Ou seja: embora tenha menor capacidade volumétrica, o OM-926 LA é mais eficiente que o OM-457 LA no Atron. Além de gerenciamento eletrônico mais moderno, o novo motor tem turbocompressor.

Na lista de itens de segurança, os dois modelos oferecem Top Brake. O sistema de freio-motor da Mercedes-Benz vem de série em ambos. O Peso Bruto Total (PBT) técnico do Atron é de 17,3 toneladas e a Capacidade Máxima de Tração (CMT) de 50 t. O eixo traseiro HL7, da Mercedes-Benz, contribuiu para manter a fama de parrudo do Atron. Para comparação, o Atego 1730 tem PBT técnico de 17,1 t e CMT de 36 t. Na prática, trata-se de um modelo mais adequado a operações que exigem menor capacidade técnica.

Tecnicamente, o Atron 1635 é semelhante ao Axor 1933 4×2. Para quem precisa de mais robustez, o modelo pode ser um bom substituto. O problema é o preço mais alto – de R$ 334.950, de acordo com a tabela da Fipe. Entre as vantagens do modelo mais novo está o maior nível de conforto. Além de ter cabine mais moderna, o caminhão traz suspensão pneumática, entre outros destaques.

O motor Axor 1933 também tem o motor mais moderno. Trata-se do mesmo OM-926 do Atego 1730, mas com maiores potência e torque. São 325 cv e 132,5 mkgf, respectivamente. Nessa versão, a transmissão é a MB G 241, automatizada de 16 marchas. O PBT técnico do Axor é de 18,6 t e a CMT é de 48,3 t.

Tanto o Atego 1730 quanto o Axor 1933 têm cabines avançadas e bom nível de acabamento. E oferecem vantagens operacionais em relação ao Atron. A principal é a capacidade de levar mais carga líquida. Também são mais leves. O peso em ordem de marcha do Atego 1730 é de 5.610 kg. O do Axor 1933 é de 6.471 kg e o do Atron é de 7.356 kg.

O Atron é o último caminhão bicudo da Mercedes-Benz no Brasil. Na Europa ela oferece o Zetros de cabine semi-avançada para atuar nas operações fora de estrada.

* Andrea Ramos/Caderno Estradão.

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