quarta-feira, 12 de março de 2014

>>> REENCONTRO

 
Professor reencontra 'Genoveva', o carro da infância, 33 anos depois

O professor aposentado do curso de odontologia da Universidade Federal de Santa Maria, Odilon Mainardi, desfila com seu Ford F-1 1950 pelas ruas da cidade gaúcha há trinta anos, mas a história de amor entre o colecionador e a “Genoveva”, como ele carinhosamente chama a van, começou bem antes, há 63 anos.
 
 
Mainardi se maravilhava com o furgão que levava o antigo proprietário e sua família à missa de domingo na pequena Vila do Segredo, onde nascera e fora criado. “Benjamim Marion, então colono do vilarejo, só a usava aos domingos, quando tinha sol e o tempo estava bom. Nessa época, eu tinha 8 anos e sempre admirava esta postura de ele levar a família à missa, estacionando a F-1 bem em frente à casa dos meus pais”, conta o atual proprietário.
 
O excelente estado de conservação da “Genoveva” tem uma explicação: “Ele (o primeiro proprietário, que a comprou 0 km em setembro de 1950, em Santa Cruz do Sul), era uma pessoa de posses, mas, para economizar, ia à cidade de Sobradinho, distante 15 km, a cavalo, para não desgastar seu veículo”, explica Mainardi.
 
 
O tempo passou, Mainardi cresceu e anos depois se mudou para Santa Maria. Num belo dia de 1983, seu irmão Sérgio lhe telefonou e perguntou se ele não queria comprar a F-1, já que Marion decidira partir para um carro a diesel, mais econômico. O professor não pensou duas vezes e arrematou a van por 625.000 cruzeiros, a moeda corrente do Brasil naquele ano.
 
Mainardi conta ainda que repete a rotina do ex-dono aos domingos: como a F-1 leva até nove pessoas, dá pra por a esposa Ione, os filhos Ana Paula, Tiago e Rodrigo, as noras Marielle e Daiane, o genro Arlei e as netas Cecília e Bibiana e seguir para o passeio dominical sem aperto.
 
Embora a "Genoveva" tenha saído dessa rotina apenas duas vezes – uma viagem de 140 km até Caçapava do Sul, para um encontro de carros antigos, e outra até Candelária, de 180 km – seguir o hábito do primeiro dono permitiu a Mainardi se gabar dos reduzidos 28.800 km rodados – naquele setembro de 1983, eram apenas 17.981 km.

Placa Preta e Casamentos

O uso comedido da van foi fundamental para mantê-la original. “Foi necessário fazer algumas pouquíssimas restaurações, como trocar os pneus originais, renovar a pintura, já um tanto desbotada, e polir as calotas e cromados da carroceria”, revela Mainardi. Conquistar a placa preta com 96% de originalidade foi fácil.
 
A longa convivência com a "Genoveva" ainda rende situações curiosas, relembra Mainardi: “os frentistas novatos sempre perguntam onde está o tanque de gasolina, que fica abaixo do banco do motorista”.
 
 
Rara, em perfeitas condições e com espaço de sobra, é óbvio que a “Genoveva” recebe inúmeros pedidos de "casamento", revela o dono: “Frequentemente, sou consultado a respeito da possibilidade de transportar noivas na cerimônia do casamento, convite muitas vezes aceito”.

* Redação/Portal G1.

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