BMW X6 ActiveHybrid: com motor V8, dois propulsores elétricos e baterias de níquel, modelo é um híbrido politicamente incorreto.Depois de lançar a versão M do X6, a BMW lança na Europa a configuração ActiveHybrid do seu crossover cupê. O carro evidencia uma forte preocupação ambiental graças ao seu conceito inicial, mesmo que seja o utilitário esportivo híbrido mais potente do mundo. Um paradoxo que parece apenas fazer sentido no aspecto comercial e cultural, pois o X6 ActiveHybrid foi concebido principalmente para o mercado norte-americano, ainda refém dos motores V8. Apesar disso, a Europa o recebe de braços abertos onde este imponente Sports Activity Coupé terá, seguramente, pouca procura. No Brasil, a versão é aguardada para o Salão de São Paulo, em outubro.
Até porque seu posicionamento no mercado não ajuda. O ActiveHybrid custa no mercado europeu 142 mil euros – R$ 334 mil – e se situa entre a versão 50i 4.4 V8 de 407 cv – 117.650 euros, ou R$ 277 mil – e a versão M de 555 cv – 161.350 euros, aproximadamente R$ 380 mil. Assim, fica bem longe dos 82.800 euros – R$ 195 mil – da 35i 3.0 de 306 cv, dos 87.500 euros – R$ 205 mil – da 30d 3.0 de 245 cv e dos 91.500 euros da 40d de 306 cv. Isto significa que o preço da tecnologia híbrida absorve por completo o seu benefício em termos de consumo. No aspecto ambiental, os números também não animam. O ActiveHybrid tem emissões de CO2 de 231 g/km, superiores às versões 30d – 195 g/km – e 40d – 198 g/km. Assim como a X6 é o SUV mais politicamente incorreto da BMW, o X6 ActiveHybrid é o híbrido mais politicamente incorreto que se tem notícia.
Em contrapartida, a versão M à parte, a derivação ActiveHybrid consegue encantar mais que os X6 “normais”. Com traços específicos, o carro é uma concentração de tecnologia, status e é sempre o centro das atenções por onde passa. O híbrido se distingue por vários opcionais, como a cor metalizada azul Water – que acrescenta 1.010 euros, ou R$ 2.400 – e pelas rodas Streamline aro 20 com pneus mistos – 1.700 euros, R$ 4 mil. As barras prateadas no teto – 410 euros, R$ 1 mil – e os estribos laterais em alumínio – 340 euros, R$ 800 – completam o visual. O capô mais protuberante serve para abrigar o módulo de gestão eletrônica do sistema de alta voltagem, posicionado acima do motor, o que também distingue a versão ActiveHybrid das demais versões do SUV mais arrojado da BMW.
Nada menos do que 15.230 euros – o equivalente a R$ 36 mil. É precisamente o total de opcionais instalados neste híbrido. No interior, a diferença para o restante da linha no interior está nas soleiras das portas, que ostentam a designação “ActiveHybrid”, e no mostrador específico dentro do conta-giros que fornece informações sobre a carga das baterias, demonstrando ainda, através de setas de cor azul, a assistência que a “parte elétrica” dá ao motor a gasolina. Quanto mais setas estiverem acesas, maior é a assistência. Além disso, o sistema iDrive inclui uma função que permite visualizar, através de um esquema colorido no display, o funcionamento do sistema híbrido.
Com uma configuração 2+2, o interior deste modelo oferece boa habitabilidade, porta-objetos em número suficiente e outros pequenos mimos que só estão ao alcance dos automóveis de alto padrão. O porta-malas, que aloja o conjunto de baterias do sistema híbrido, não perdeu capacidade frente às versões normais.
Os revestimentos em couro preto com extensões em branco contribuem bastante para a agradável vida a bordo. Tal como os inúmeros equipamentos: câmara traseira, teto solar elétrico, cortinas nas janelas traseiras, aquecimento dos bancos dianteiros, ar-condicionado com quatro zonas, controle de cruzeiro, sintonizador de sinal de tevê, head-up display – que projeto no para-brisas informações do quadro de instrumentos –, Bluetooth, disqueteira para seis DVDs com telas para os bancos traseiros, entrada USB, vidros com proteção solar e revestimento do teto em grafite, entre outros.
Primeiras Impressões
O sistema híbrido que equipa o X6 ActiveHybrid resulta de uma parceria estabelecida entre os grupos BMW, Daimler e General Motors. O objetivo dessa joint-venture foi potencializar e simplificar o desenvolvimento dessa tecnologia, com cada montadora livre para seguir o seu próprio caminho. Além disso, cada marca é responsável pela produção e seleção dos fornecedores dos componentes. Como era de se esperar, a BMW seguiu o caminho da potência na elaboração da versão híbrida do seu SUV. O fato de ser o mais potente do planeta na sua categoria deve-se ao motor V8 de 4.4 litros com 407 cv e injeção direta de gasolina que, em conjunto com os dois motores elétricos – um com 91 cv e outro com 86 cv –, permite atingir uma potência máxima combinada de 584 cv e um torque combinado de 79,5 kgfm.
Na prática, a transmissão funciona como uma caixa de variação contínua – CVT –, com sete relações pré-definidas que podem ser selecionadas manualmente pela alavanca de câmbio ou pelas borboletas atrás do volante. A designação “dois modos” da transmissão deve-se ao fato de contar com um estilo de funcionamento especialmente para o arranque e aceleração em baixas velocidades e outro para velocidades mais elevadas e em situações em que é exigido um maior esforço do motor.
O X6 ActiveHybrid anda como qualquer outro X6, embora a maior sensibilidade no pedal do freio cause uma estranheza inicial. Eles são do tipo by-wire e contam com um dispositivo que simula a força exercida sobre o pedal, de modo a oferecer ao motorista uma resposta tradicional. Preciso, seguro e, sobretudo, rápido, este SUV oferece performances explosivas. Claro que a vocação ambiental está lá, mas acelerar fundo para ouvir o roncar do motor V8 é o que mais apetece o motorista. No entanto, este híbrido sabe ter um comportamento mais civilizado se for necessário. Segundo a BMW, o carro pode circular no modo totalmente elétrico por 2,5 km a uma velocidade máxima de 60 km/h.
Uma tarefa que não é fácil, mas, com alguma paciência, é realizável. Neste caso, um único motor elétrico desloca os 2.580 kg de peso deste SUV. Quando a exigência de condução aumenta, o segundo motor elétrico entra em funcionamento, fornecendo energia ao conjunto e tornando as acelerações mais rápidas. Quando se circula a uma velocidade de cruzeiro, só o motor a gasolina move este X6.
Como qualquer híbrido que se preze este também dispõe do sistema start/stop, motores elétricos que atuam como geradores para recarregar as baterias em velocidades de cruzeiro e de um sistema de regeneração de energia em desaceleração e frenagem, transformando a energia cinética das rodas em energia elétrica. As baterias são de hidreto metálico-Níquel e não de íons de Lítio, como na versão híbrida da série 7, porque, segundo a BMW, lidam melhor com as constantes descargas e recargas, ganhando menos “memória”. A rapidez com que as baterias recarregam deve-se à capacidade – 50 kW – do sistema.
* Bruno Castanheira/Revista AutoMotor.
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