sexta-feira, 20 de novembro de 2015

>>> MERCEDES C180 ESTATE


Uma volta rápida na Mercedes-Benz C180 Estate

Painel curto, na medida certa, volante com empunhadura perfeita e posição de dirigir irretocável são qualidades tão preciosas quanto os acertos mínimos que design e arquitetura podem oferecer. Este é o Classe C. Agora imagine-se nesta cabine, encaixado de maneira solene, ereta, entre a soberba e a perfeição, e que tudo isso está materializado na forma de perua! Eis o C180 Estate, a perua Mercedes-Benz Classe C.


Olhe-a por fora e a paixão é instantânea. A grade e os faróis parecem impossíveis de se copiar, de tão bem feitos, e há um brilho natural no carro sem abusar dos cromados. O encontro entre o teto e a tampa traseira se dá com a naturalidade que se fundem céu e mar no horizonte de uma praia. Na Mercedes, peruas têm desenvolvimento próprio, não são derivadas de sedãs como normalmente se faz.

Lá dentro até um simples toque nos botões de alumínio escovado dos vidros elétricos, ou a troca de marchas pelas finas aletas, a diferencia das concorrentes diretas – no Brasil, apenas a Audi A4 Avant e a Volvo V60. Tudo bem: aquele tablet espetado no painel destoa de tudo, mas é como um picles em um Big Mac: você não percebe que ele existe.


A C180 Estate se distingue do sedã além do formato. O 1 cm no comprimento é imperceptível, mas a convivência traz outros sentimentos. Olhe pelo retrovisor e veja o vidro lá atrás. Você se sente dono de mais carro, como se o seu patrimônio fosse maior do que sempre foi.

O porta-malas é 10 litros maior que o do sedã e há mais consistência quando se trafega por estradas. Você sente a perua mais na mão que o sedã, em especial em velocidade mais alta. Para manobrar, virar e entrar em vagas, ambos trazem a fantástica qualidade de direção ligeira e certeira, com mínima flutuação. E apesar do barulho do motor do lado de fora ser alto demais para um Mercedes-Benz, lá dentro pouca coisa chega aos seus ouvidos. É quase como dirigir um bunker (casamata ou abrigo).


Pelos R$ 159.900 pedidos, na versão Avantgarde, que desfila com o mirrado 1.6 de 156 cv, você compraria o sedã C200, com motor 2.0 turbo de 184 cv. O C180 de três volumes custa R$ 142.900. E é neste motor, e somente aqui, que sentimos falta de uma paixão mais ofegante.


A tração traseira faz tudo certinho, mas raramente vai deixar você descobrir seus mistérios, mesmo com o câmbio 7G-tronic estando melhor do que sempre foi. Ainda que tenha 25,5 mkgf de torque a apenas 1.200 rpm, e só 65 kg a mais frente ao sedã, ela não consegue emocionar os menos cristãos – os que não admitem somente a paz em seu cotidiano.

É isso que essa perua lhe traz. Orgulho, paz e uma vontade imensa de colocar tudo isso na garagem da AMG. De conclusivo só a certeza de que, depois de experimentar o espaço e a suavidade da Estate, não dá nem para imaginar-se dentro de um SUV. Seria como trocar o cockpit de um avião de carga por um passeio de vaca. Infelizmente, poucos pensam – e agem dessa maneira.


A C180 Estate é trazida a conta-gotas para o Brasil: apenas 200 carros por ano, a maioria para atender ao comprador que passou uma temporada fora do País e aprendeu com outros povos que dirigir tem de ser, antes de tudo, um ato de prazer.

* João Anacleto & Bruno Guerreiro / Car And Drive Brasil.

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