quinta-feira, 23 de junho de 2016

>>> CARA DE CAVALO


Jeep Willys CJ3B 1954 apresenta um nível tão alto de qualidade em sua restauração, que já recebeu três importantes prêmios em eventos de antigomobilismo

O verde é uma das cores mais usadas nos Jeep, mas ainda bem que há quem curta outros tons. O empresário paulistano do ramo alimentício Fernando Cury, 50 anos, é um deles. Cury não é praticante de off-road, mas sim um amante de utilitários da linha Ford/Willys, da qual tem uma Rural Luxo 4×2 1972. “Retirei junto com meu pai ‘zero km’ na concessionária, quando tinha sete anos”, lembrou. Hoje a Rural, que passou pelas talas largas, rádios Tojo e outras modas dos anos 80, está como veio ao mundo e ganhou placa preta. O dono também possui um Jeep Willys 1965. “Queria ter um carro fabricado no ano que nasci”, afirmou.


O CJ3B fazia parte dos planos de Cury. Ele tem uma amiga cujo falecido marido tinha esse carro. “Ele teve filhas mulheres que não se interessaram, mas os sentimentos pela paixão do marido para com o 4×4 dificultaram o desapego ao Jeep”, comentou.


Até que, em novembro de 2010, Cury se encontrou com ela e disse que estava comprando um Jeep. Ela disse: “Você tem tanto carinho pelo Jeep quanto meu marido, fica com ele também?”, contou. Cury negociou o valor e acabou comprando no mesmo dia os dois Jeep, um CJ5 1965 e esse CJ3B 1954.


O Willys estava parado há oito anos num galpão. Ele mandou dar uma geral; trocou o tanque, as bombas, velas, a limpeza de carburador, revisão de freio e pouco depois saiu com ele curtindo, até que em janeiro de 2011, resolveu restaurá-lo. A decisão veio após ver uma edição da 4×4&Cia, onde há dois Jeep CJ3A (amarelo e o vermelho), feitos na oficina Max4.


Cury disse que seu o sonho era montar um carro completo e começou pela restauração do chassi. Ele descobriu uma empresa especializada em construir estruturas e carrocerias para Jeep antigos para que avaliassem as condições do chassi. Como a peça estava cheia de soldas e remendos resolveu repará-la e construir uma lataria nova, mantendo a grade dianteira, o quadro do para-brisa e a tampa traseira. As demais partes de lataria são novas, até os bancos.


O Jeep foi para a Max4. Após a reforma do chassi, restauração das partes e confecção da cabine, a carroceria foi alinhada, montada sob o chassi e pintada. A escolha da cor foi inusitada. Inicialmente a cor seria verde. “Pedi a opinião da minha esposa e filha, que disseram: ‘outro carro verde? Você já tem dois nessa cor!’, falou. “Um dia encontrei com a filha do ex-dono e contei a ela o dilema. Daí veio a surpresa. Ela disse que o pai se arrependeu de ter pintado de verde, pois ele era vermelho!”.


Pronto, ele voltaria a ter a cor original. O dono foi atrás de catálogos de época e viu que o tal vermelho era um vinho. “Naquele tempo só havia seis cores disponíveis: Gale Gray Poly, Beryl Green, Bristol Red (a cor do Jeep), Artic White, Coronado Sand e Kaven Black. Aí começaria a novela para elaborar a tinta e chegar ao padrão exato. Foram cinco amostras e diversas opiniões e palpites. Mas a escolha não poderia ter sido melhor.


Toda a parte mecânica, como diferenciais, câmbio, motor, molas, juntas, rolamentos, bomba de água, radiador, foram restaurados com peças adquiridas na Jipebras ou importadas dos Estados Unidos.


Cury ia até Mauá, SP, onde fica a MX4, pelo menos duas vezes por mês, apreciando e tirando fotos de todas as fases. “Falava para o Adilson que não tinha muita graça, pois não podia reclamar, dar palpites e ajudar em nada, pois tudo estava ficando melhor do que eu imaginava”, falou Cury, que apontou sua ansiedade como a parte mais difícil de todo o processo.


O Willys que você vê nas fotos foi finalizado em janeiro de 2013 e Cury ficou feliz com o resultado. O CJ3B é usado para passeios e lazer. “Utilizo meus carros antigos nos dias de rodízio, citou. Fernando agradece à esposa Denise e a filha Camila, pelo respeito à sua paixão, além do apoio da família. “Meu irmão e minha mãe, me deram um belo presente de aniversário: um jogo de pneus 600×16” militares”. E citou a equipe Max4, que achou excelente.

Um 54 Premiado

O Jeep Willys CJ3B 1954 de Fernando Cury conquistou o sonhado troféu de destaque no III Encontro Brasileiro de Autos Antigos em Águas de Lindoia, que aconteceu em Abril/2016. Já está em seu currículo a premiação no XX Encontro Paulista de Autos Antigos em Campos do Jordão (Abril/2015) e também no XVI Encontro Nacional de Pick-ups, Trucks e Carros Antigos em Águas de São Pedro (Set/2014). Estes 3 prêmios de destaque eram o sonho do proprietário.


O ultimo troféu teve uma característica especial, pois foi entregue para Fernando, por um mito do automobilismo, o Wilsinho Fittipaldi e também elogiado pelo presidente da FIVA (The Federation Internationale des Vehicules Anciens) Sr. Patrick Rollet, que entregou um adesivo para prestigiar o Jeep. Com 99,99% de originalidade, o Jeep conseguiu o reconhecimento e destaque.


Hoje, Fernando tem até dó de andar com o Jeep, para não sujar e utiliza somente para ir a passeios e encontros, permanecendo em sua garagem, devidamente coberto.

* James Garcia/4X4 Digital.

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