terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

>>> SUBARU TRIBECA

Crossover chega ao Brasil com a missão de aproximar a marca japonesa do mercado brasileiro
A Subaru foi uma das primeiras marcas a desembarcar no Brasil, na abertura dos portos em 1990. Mas sua presença sempre foi mais de observadora que de uma operação efetiva – o que serviu para transformá-la em uma marca exótica, conhecida por poucos iniciados. A chegada do crossover Tribeca, que você vê nestas páginas, sinaliza uma mudança. Ela faz parte do plano que a empresa traçou, em 2006, de se tornar um competidor real em nosso mercado. A estratégia inclui a expansão da rede de concessionários, a renovação da linha que já existia e o lançamento de novos modelos, entre os quais o Tribeca.


Produzido nos Estados Unidos, na fábrica da Subaru no estado de Indiana, o Tribeca desembarca no Brasil antes mesmo de sua estreia no Japão, onde fica a matriz da marca. Ele chega às lojas por 189 900 reais, tendo como competidores outros crossovers, como o Nissan Murano e o BMW X3 – e, em nosso primeiro contato, causou boa impressão.

O Tribeca tem características tipicamente Subaru que agradam quem gosta de carros. O mais peculiar éo motor boxer, construído com os cilindros opostos horizontalmente. O Tribeca é o único crossover do mundo equipado com um motor desses, uma vez que, além da Subaru, a outra marca que produz esse tipo de motor é a Porsche, que preferiu os motores em V para o seu Cayenne. No Tribeca, o motor de seis cilindros não vai instalado em posição tão baixa quanto nos sedãs da Subaru ou mesmo nos esportivos da Porsche, mas ainda assim contribui para abaixar o centro de gravidade, naturalmente mais elevado em um crossover, melhorando a dirigibilidade.

Apesar da altura, o Tribeca é um veículo bastante equilibrado. Nas curvas, sua carroceria inclina menos que a de muito sedã que roda por aí. A suspensão garante o conforto, isolando bem a cabine, na maior parte do tempo. Falta um pouco de firmeza diante dos buracos que a fazem trepidar e das lombadas, que perturbam seu silêncio. Durante a distensão das molas, seus amortecedores chegam ao fim de curso, produzindo uma batida desconfortável.


Outro recurso próprio da marca japonesa é a tração integral permanente. Todos os Subaru são 4x4 e o Tribeca não foge à regra. Como crossover, ele dispensa sistemas de marcha reduzida, mas conta com os Impressões Tribeca 3.6 H6 diferenciais, um em cada eixo, que controlam a distribuição do torque entre as rodas. Para nossa sorte, no dia do test-drive, uma chuva fina nos permitiu avaliar a digiribilidade em condições de menor aderência e o Tribeca se comportou de forma exemplar. Sempre obediente, não fez uso dos controles eletrônicos de freio e de estabilidade em nenhum momento. O sistema de freios, aliás, se mostrou eficiente e progressivo, com pouca tendência a travar. Essas virtudes, com certeza, vêm da experiência da Subaru nas provas de rali, que entre outras coisas ensinou os projetistas a construírem carros com distribuição simétrica do peso. (As aulas foram suspensas, no entanto. Por conta da crise econômica global, a Subaru anunciou que não vai competir na próxima temporada do WRC.)

Gigante silencioso O motor 3.6 de 280 cv garante o desempenho. Com seu comportamento elástico, ele faz parecer uma tarefa fácil movimentar os 1 945 kg do carro, sob as rédeas da transmissão automática sequencial de cinco marchas. Nós não medimos a performance do Tribeca, mas, segundo a fábrica, ele é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 8,9 segundos e atingir 207 km/h de velocidade máxima. Outro destaque do motor vai para o seu funcionamento suave e silencioso. O Tribeca, aliás, é um carro com nível de ruído bem baixo não apenas em movimento, mas no abrir e fechar de portas e na varredura do limpador do parabrisa. Ao abrir as janelas, o barulho externo que invade a cabine é maior que o dos vidros elétricos deslizando.

A cabine tem estilo próprio. Dois arcos desenham o cockpit e o lado do passageiro e o console central é projetado à frente, interpondo-se entre os bancos. Os materiais de acabamento são de alta qualidade. E chamam atenção a iluminação azul e vermelha dos instrumentos, os botões giratórios do ar-condicionado e os visores de LCD instalados nas extremidades do painel de instrumentos, indicando a temperatura do motor e o nível do reservatório de combustível.


Como nenhum carro é perfeito, há pontos que poderiam ser melhorados. A alavanca do câmbio poderia ter ficado um pouco mais distante do console. Em P, ela limita o acesso aos botões do ar-condicionado. O volante multifuncional não incorpora os comandos do piloto automático, que ficam em uma haste à parte dos outros controles. A direção é ajustável apenas em altura (não em profundidade). E os bancos apresentam diferenças de cor quando varia a qualidade do couro natural e sintético.

O espaço interno é generoso para quem viaja na frente e na segunda fileira de bancos. Na terceira, que é rebatível para ceder lugar ao porta-malas (525/956 litros), só cabem duas crianças com confor-to. Nessa posição há cintos de três pontos, airbags, saídas de ar-condicionado e iluminação. O acesso é facilitado pela mobilidade dos bancos intermediários, que são reclináveis e deslizam em trilhos. Só é preciso cuidado para não prender o pé da criança na hora de voltar o banco à posição normal. O fundão é o melhor lugar para escutar música, no entanto.


O Tribeca vem equipado com um sistema de som Kenwood de alta-fidelidade, com nove alto-falantes, recurso Surround e CD player para seis discos, que faz a alegria de quem gosta de ouvir música a bordo. Esse sistema de som faz parte do pacote de itens desérie que o carro traz, entre eles computador de bordo, ar-condicionado dual-zone, rodas de alumínio, bancos de couro, teto solar, tela LCD multifunção, câmera auxiliar de manobras e faróis de xenônio, entre outros. Os únicos opcionais, na verdade acessórios vendidos nas concessionárias, são dois kits: um com sistema de navegação por satélite e outro um sistema de DVD com fones de ouvido sem fio.

Segundo a fábrica, a configuração do pacote de equipamentos foi feita sob medida para atender o consumidor brasileiro, uma preocupação impensável quando a marca estava aqui só para estudar o mercado.

* Texto: Paulo Campo Grande | Fotos: Marco de Bari
Revista Quatro Rodas - Fev./2009.

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