sexta-feira, 18 de abril de 2014

>>> EX-SONHO AMERICANO


Ele largou tudo para viajar o mundo em uma Kombi

Dave Panton, 32 anos, trabalhou durante 11 anos na marinha norte-americana. Era bem remunerado, tinha diversos benefícios e morava em San Diego, na Califórnia, uma das mais belas cidades da costa oeste dos Estados Unidos. Mas, em 2011, decidiu largar tudo para viver uma grande aventura a bordo de uma Kombi.
 
 
“Percebi que, como oficial, não estava vivendo a aventura que tanto sonhava. Era mais como um trabalho de escritório, como um gerente de nível médio”, contou Panton.“Eu também fiquei decepcionado com a crise, em 2008. Aquela história do sonho americano que meus pais tiveram não é mais para a minha geração”, explica o aventureiro, há três anos na estrada.
 
Sua ideia inicial era partir para a aventura em alto mar. Mas depois de ficar na mão com seu primeiro veleiro, no México, Panton desistiu. E com o dinheiro do seguro do barco, resolveu comprar uma Kombi alemã 1972 no eBay, por US$ 5 mil (cerca de R$ 11,5 mil), em novembro de 2010.
 
 
“Por coincidência, meu vizinho de San Diego tinha viajado o mundo em sua Kombi, em 1975. Eu tinha lido uma reportagem sobre sua aventura, e aquilo ficou na minha cabeça. Quando perdi meu barco, pensei que seria um jeito mais simples de viajar do que o veleiro”, conta.
 
A Kombi vem rodando firme e forte, e deixou o americano parado poucas vezes. Para resolver qualquer tipo de problema mecânico, Panton conta com ajuda de amigos e de manuais de “sobrevivência”, como o livro “How to keep your Volkswagen alive” (Como manter seu VW vivo). “Tive algumas dificuldades nas praias, já que não é um veículo 4x4”, disse.
 
Há três anos, Dave ainda utiliza o dinheiro que tinha guardado na poupança. Mas diz que faz suas economias, compra coisas usadas e, na maioria das vezes, dorme dentro de sua Kombi para não gastar com as despesas de hotel. Também faz “bicos” nos países que passa. Já trabalhou de instrutor de mergulho em Honduras, foi artista de rua com uma banda em Cartagena, na Colômbia, e já utilizou sua Kombi para vender comida e bebida.
 
 
“Eu sei que quando eu ficar sem dinheiro, em breve, vou ser pobre e não vou ter nada, mas esse sentimento é um pouco libertador. Sei que há pessoas em situação pior, que não têm nada. Tenho sorte”.
 
Assim que chegou ao Brasil, no final do ano passado, encontrou a comunidade do Sampa Kombi Clube nas redes sociais e soube do evento de despedida da Kombi, que reuniu mais de 100 Kombis no estacionamento da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP). Panton foi até lá, virou atração, e não perdeu tempo: colocou um “anúncio” em papel sulfite pedindo a ajuda para encontrar peças (como é um modelo alemão, talvez ele não se dê tão bem assim):
 
 
Nesses três anos de viagem, Panton já perdeu as contas de quantos lugares que já conheceu. Passou por México, Belize, Colômbia, Bolívia, Peru, Chile, morou seis meses na Argentina e agora vai ficar mais seis meses no Brasil. No ano que vem, seu objetivo é colocar sua Kombi em um navio e viajar com ela para a Europa. Lá, vai estudar arquitetura naval na Inglaterra, com benefício da marinha norte-americana.

* Carina Mazarotto/Portal Bufalos TV.

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