quinta-feira, 7 de agosto de 2008

>>> MEXICANO NO CIRCO

Nem sempre as grandes atrações circenses estão dentro do picadeiro, embaixo da tenda. É o caso do Lê Cirque, cuja frota - relativamente nova - é composta por veículos de vários países, adquiridos em suas viagens internacionais. Dois desses veículos se destacam: são duas unidades Volvo White, fabricadas em Monterrey, no México, porém com sangue americano. Segundo Jorge Stevanovic, um dos proprietários do circo, os dois caminhões foram comprados em 1996, o mesmo ano em que um grupo de transportadores de Santos (SP) importou alguns caminhões semelhantes em função da então desvalorização do dólar em relação ao Real.
Os dois veículos são equipados com motor Cummins da série N, de 14 litros e seis cilindros em linha. Cada um desenvolve 535 cv de potência, conforme relata Stevanovic e a caixa de câmbio de 16 velocidades é Spicer, sem anéis sincronizadores, ou seja, a mudança tem de ser feita no 'tempo', na rotação exata, acelerando ou desacelerando o giro do motor. Ainda no trem-de-força, os dois eixos são tracionados (6X4), "ideais para suportar os trancos e movimentos bruscos gerados pelas oscilações, laterais ou não, dos elefantes", relata Jorge.


Este modelo foi um dos pioneiros na quebra do clássico paradigma norte-americano, em que um caminhão teria de ter um capô longo e reto, com cromados por todos os cantos. Além disso, segundo essa concepção, o escapamento e o suporte dos filtros de ar deveriam alojar-se fora da cabine, deixando o veículo bastante imponente. Era algo que comprometia a aerodinâmica dos pesadões da classe 8, como são conhecidos os brutos com capacidade acima de 36 toneladas de PBTC nos Estados Unidos.

A cabine do Volvo White tem leito integral. Não é tão espaçosa para os padrões norte-americanos,mas suficiente para acomodar com tranqüilidade o motorista e um acompanhante. Normalmente, nos EUA, o posto de condução e a área de descanso são construídos, separadamente, nos caminhões mais tradicionais, e no caso do Volvo era uma novidade, visto que constituíam uma única peça. Além disso, dentro dela também se observa outro sinal da influência européia no projeto: o painel recurvado, que facilita o acesso aos comandos e teclas, além da ampla área envidraçada.


O fato é que a White, já na década de 70, adotava tal filosofia, com a renúncia de certos aspectos construtivos, meramente decorativos, muito comuns à concorrência, cujas características davam ao caminhão norte-americano um visual pouco funcional. Mas aí se valorizava bastante o visual, sempre muito imponente, pois os cargueiros de lá eram dotados de um longo capô reto, com cromados por todos os cantos, além dos escapamentos verticais e suportes de filtros externos, elementos que penalizavam o consumo.

Na década de 80, através de algumas fusões e aquisições, foi formalizada a Volvo GM Corporation, onde, posteriormente, a empresa de marca sueca assumiu o comando do mercado da América do Norte. Por algum tempo, a Volvo trabalhou aquele mercado através das marcas White, Autocar e White GMC, resultantes de tais acordos. Hoje, a marca Volvo está bastante solidificada nos EUA e tornando-se um dos principais fabricantes daquele mercado. Detalhe do projeto: os faróis do Volvo White, por exemplo, são os mesmos usados na linha NL, fabricada no Brasil entre 1989 e 1999.

* matéria publicada no portal O CARRETEIRO
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