domingo, 30 de junho de 2013

>>> CHINÊS ATUALIZADO


Novo Chery Tiggo fica mais ocidental para se aproximar da concorrência
 
Mais do que um item obrigatório em alguns países, as luzes de condução diurna (DRL, na sigla em inglês) viraram sinônimo de carro requintado e moderno. Diversas montadoras já perceberam isso e usam o artifício para agregar mais valor a seu automóvel. No caso do novo Chery Tiggo, a DRL também serve para identificar a primeira reformulação que o SUV recebeu no Brasil desde seu lancamento. O SUV atualizado chega ao Brasil no final deste mês por R$ 51.990, preço R$ 1 mil abaixo do cobrado pela versão manual atual — a automática de quatro marchas chega em setembro.
 
 
Apesar de manter a mesma carroceria do modelo atual, o novo Tiggo passou por uma extensa reformulação na dianteira. Aquele visual similar ao antigo Honda CR-V deu lugar a um design mais moderno, e sem tanta ''inspiracao'' em modelos orientais. É verdade que a traseira segue no estilo do velho Toyota RAV4, mas o jipinho chinês mostra que já aprendeu a se ''ocidentalizar''.

Melhorias a conta-gotas

Quando chegou ao mercado brasileiro, em 2009, o Chery Tiggo se destacou pelo bom custo-benefício e porte de SUV, virtudes que compensavam as dúvidas em torno dos carros chineses e outros defeitos, como a suspensão e a direção macios (até demais). Mas daí veio o Super-IPI e a chegada de novos e melhorados concorrentes. Era hora de se mexer, e a Chery começou já nos bastidores.

 
Primeiro veio a decisão da matriz administrar por conta própria a operação brasileira, deixando o representante local (JLJ, do ramo alimentício) a cargo apenas da divisão comercial da marca, a Rely. Depois a Chery confirmou a construção de uma fábrica em Jacareí (SP) para atender os requisitos do Inovar Auto. Agora é a vez de renovar e ampliar os produtos, começando pelo Celer e o novo Tiggo.
 
 
Com a dianteira e o painel completamente redesenhados, o Tiggo merece o adjetivo. Ainda não é uma nova geração: sua plataforma e trem de forca continuam os mesmos. Mas as melhorias ganharão mais um fôlego sob o capô. O motor 2.0 de 135 cv (movido apenas a gasolina) terá a opção de receber um cambio automático de quatro marchas em setembro — a versão manual, de cinco marchas, chega no final deste mês. As novidades são complementadas por melhorias perceptíveis apenas com o carro andando.

Dureza ocidental

Durante o test-drive realizado na região de Santiago (Chile) o novo Chery Tiggo mostrou uma clara evolução em relação à sua geracao anterior. Mais firme, a direção transmite maior seguranca, em especial em velocidades próximas dos 100 km/h. Porém acima disso o carro continua com assistência exagerada, que, associada a suspensão macia, transmite pouca seguranca em mudancas bruscas de direção, como um desvio de um obstáculo em uma estrada.
 
 
Porém, justiça seja feita, os maiores defeitos do Tiggo começam e terminam nesses quesitos. O acabamento, apesar de composto basicamente por peças plásticas, é próximo ao da concorrência. Alguns detalhes típicos dos carros chineses ainda persistem, como o rádio com entrada do tipo mini-USB (que obriga o uso de um cabo adaptador para conectar celulares e pen-drives) e o câmbio de engates longos. O desempenho do carro não foi levado em conta, já que a unidade avaliada usava um motor 1.6 de 125 cv (suficientes para uso urbano, mas fracos para ultrapassagens e subidas com o carro ocupado por três adultos e com o ar-condicionado ligado).
 
 
O espaco interno segue bom para quatro adultos, com destaque para o fácil acesso aos 520 litros do porta-malas (mérito da tampa que leva consigo o para-choque traseiro, eliminando qualquer degrau no compartimento). A lista de itens de série é a mesma - longa - presente no Tiggo atual, com o adicional das luzes de conducao diurna e retrovisor com bússola e altímetro integrados. Os equipamentos se somam ao pacote ''obrigatório'' para carros chineses: ABS, airbag duplo, direcao assistida, ar-condicionado, trio eletrico e garantia estendida - três anos, no caso.

Em busca do 1%

A onda de novidades tem um claro objetivo: levar a marca de volta ao 1% de participação do mercado brasileiro, perdidos desde a chegada do Super IPI. Com o Tiggo a marca tem chances para retomar o crescimento, mas somente o jipinho nao será suficiente: apesar de melhorado, ele ainda sofre com pequenos defeitos que nao estao presentes nos líderes Renault Duster e Ford EcoSport, que ainda contam com o beneficio de serem nacionais. Mas a atualizacao reduziu as chances de transformar o Tiggo em um mico: confortável e com estilo mais moderno, o SUV pode ser o início dos carros chineses mais parecidos com os ocidentais, tanto para o consumidor quanto para o mercado.

* Rodrigo Ribeiro/Portal R7.

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