Kombi 1969 deixou linha de produção de cachaça, para brilhar na garagem de fanático por Fusca. Restaurado, modelo chama a atenção pelos detalhes
O charme da Kombi está nos adereços do passado: o friso que possibilita a divisão em duas cores, a popular saia-e-blusa; o pára-brisa bipartido, que rendeu muitos apelidos; a calota côncava e espelhada; e o emblema sobressaltado da Volkswagen ostentado na dianteira. Todos estão reunidos e conservados na Kombi Luxo 1969, de Robinson Fernandes, comprada de um pequeno produtor rural de São Gonçalo do Rio Abaixo, na região Central de Minas, por R$ 2,8 mil. Antes de ser burilada por funileiros, capoteiros e pintores, a Kombi transportava cana-de-açúcar para o alambique de cachaça do fazendeiro.
Robinson já investiu R$ 13 mil para restaurá-la e deixá-la como se estivesse saindo da linha de montagem há 37 anos. Os bancos traseiros tinham sido retirados, a lataria estava em péssimo estado, principalmente na parte inferior, e a cor era única. Em 2006, quando começou a circular a notícia de que a Kombi deixaria de ser produzida, passei a procurar uma, lembra. As notícias, na verdade, eram boatos amplificados, que confundiram a aposentadoria do motor boxer, refrigerado a ar, com o fim do modelo. O que houve foi a troca do motor a ar pelo refrigerado a água, mas a Kombi continua a ser vendida com o adendo de uma grade preta do radiador na frente.
História
A intenção de Robinson era preservar a história, tarefa na qual é especialista, pois preside o Fusca Clube de Minas Gerais. Proprietário de dois Fuscas, um alemão de 1953 e um Itamar de 1996, ele compara a simpatia que a Kombi desperta à aquela causada pelos besouros quando circulam pelas ruas. A versão Luxo do monovolume era um contraponto à Standard, usada para o batidão diário. O revestimento do interior com destaque para a proteção do estepe, alojado na divisória interna combina com o tecido dos bancos e compõe um tom sobre tom com a pintura externa em branco e bege, o popular café-com-leite. Também colocou uma capa nos bancos, um pouco mais escura que o revestimento original, que continua preservado, apesar de escondido.
O freio de estacionamento é equipado com um acessório ergonômico, que facilita o acionamento. A alavanca de câmbio tem uma esfera transparente, que reluz o símbolo da montadora. Aliás, o V e o W conjugados do fabricante alemão aparecem nas calotas e em diversos detalhes do acabamento, além de realçados em metal, na frente da velha perua. A simpatia se manifesta nos detalhes, como o limpador de pára-brisa, que é um rodo em escala reduzida, com haste de metal. Os espelhos retrovisores arredondados amenizam a rusticidade do projeto, em sintonia com faróis e lanternas, também circulares. Porém, Robinson conta que a funcionalidade do espelho é muito pequena.
Contrário
Os vidros abrem no sistema corrediço, com borboletas, como as dos quebra-ventos. Já as portas traseiras abrem como na maioria dos carros, diferentemente dos modelos atuais do monovolume. No processo de restauração, o que deu mais trabalho foi encontrar as borrachas dos vidros e a borracha que forra o chão. Outro problema foi provocado por uma funcionária do Detran, que, mesmo após o pagamento de uma placa com o número 1969 e uma espera de três meses, gerou outra numeração no momento da transferência. Para reparar o erro, a autorização para o cancelamento do número errado teve de ser solicitada em Brasília.
A beleza não é conjugada com potência. O motor é 1.5, que rende 52cv. O pouco fôlego se mostra no painel, em que o velocímetro almeja apenas 120km/h. O marcador de combustível é bem didático, com as extremidades indicadas com as palavras cheio e reserva. Os traços simpáticos do monovolume foram mudados com a reestilização de 1975, e por outras, até chegar ao radiador arremedado na frente, na última modificação no fim do ano passado.
* Redação/Portal Vrum.
Um comentário:
Por favor qual a cor debaixo da kombi
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