>>> NOVO EM FOLHA

Furgão Ford F1 de 1949 tem restauração perfeita nas mãos de colecionador gaúcho

Já pensou pegar um Furgão Ford F1, Panel Truck de 1949 e deixá-lo novinho e original? Parece uma tarefa impossível? Não para o antigomobilista, apaixonado por veículos da marca FORD, Paulo Roberto Renner, que adquiriu o veículo na cidade de Bagé-RS em 1999 e em oito anos deixou o carro perfeito. Só existe uma alteração em relação ao veículo original: a voltagem que passou de 6 para 12 volts.

Da direita para a esquerda - Marcos de Oliveira, presidente da Ford Brasil, Paulo Roberto Renner, proprietário do Furgão 1949 e seu restaurador e seu filho Guilherme

“O trabalho de recuperação foi lento, pois o processo é oneroso e temos que procurar alternativas no mercado para diminuir os custos, inclusive realizando pessoalmente muitas das etapas e muitas pesquisas na internet na procura de peças”, conta Paulo Roberto. Mas muito trabalho é compensador, segundo o colecionador: “A principal satisfação é ver as pessoas admirando e elogiando o trabalho realizado”.


“O trabalho de restauração do Furgão Ford F1 só o consagra como um verdadeiro preservador da história do antigomobilismo deste País, com toda a simplicidade que lhe é peculiar. Agradeço ao Paulo pelo belíssimo trabalho de restauração feito, com o apoio e a paciência da família, a quem estendo estes votos de parabéns”, ressalta o presidente da FBVA, Henrique Henrique Thielmann.

UM VEÍCULO DE SERVIÇO

Na época, a crescente implantação das “Agências Ford”, antigo nome dos atuais concessionários, exigia constante treinamento de mecânicos de automóveis, praticamente inexistentes pelo interior do País. Assim, a Ford criou o chamado “inspetor de serviço”, profissional devidamente treinado na fábrica cujo trabalho era visitar as Agências Ford para dar aulas aos mecânicos locais, organizar oficinas e seções de peças, visitar proprietários etc. Eles viajavam exatamente em furgões como o que Paulo Roberto restaurou, inclusive com a pintura original na lateral do veículo.


No interior, o furgão dispunha de material de instrução, equipamentos de teste, peças, motores, ferramentas etc necessários ao desenvolvimento das aulas. No trabalho de recuperação, todo feito em oficinas de Porto Alegre, as peças foram adquiridas, aos poucos, em encontros de antigomobilistas e em empresas especializadas dos Estados Unidos, cujos contatos foram feitos via Internet.

A restauração de veículos antigos permite preservar a história não só dos automóveis, como também do período histórico no qual eles pertenceram. “A maior importância da recuperação de veículos antigos é preservar a nossa história, tão desprezada pelas nossas autoridades, como ocorreu recentemente aqui no RS com o desmantelamento proposital do Museu de Tecnologia da ULBRA”, enfatiza Paulo Roberto.

A preservação da história faz parte da vida de Paulo Roberto. “Antes de colecionar automóveis estive e estou envolvido com a preservação de bens históricos dos Correios e Telégrafos no estado do RS e com a memória do automobilismo esportivo, pois junto com Luiz Fernando Andreatta, escrevemos o livro Automobilismo no Tempo das Carreteras, de 1991. No decorrer dessas atividades, surgiu o gosto pelo antigomobilismo”, explica.


Henrique Thielmann conta que a frase mais famosa de Paulo Renner é “Lá em casa entra qualquer carro, desde que seja FORD”. Essa paixão pela marca já foi motivo até de brincadeiras. “Quando foi realizado o Rally Sul Americano em 2003, organizado pela FBVA, sob a direção de José Aurélio Affonso, tive o prazer de ter o Paulo como meu navegador. Mas a condição era que fossemos em um Mustang Mach I, 1971, da FORD, é claro. Mas os ventos no dia da adesivagem não sopraram muito bem para o amigo Paulo, pois uma das empresas patrocinadoras era a CHEVROLET. Sabendo da paixão dele por FORD, solicitei que colocasse os adesivos da CHEVROLET. No pátio da ULBRA, vários gaúchos amigos presenciaram a cena e o fato ficou na história”, relembra o presidente da FBVA.

* Texto: Federação Brasileira de Veículos Antigos.